Campo Grande (MS), Domingo, 08 de Junho de 2025

POLÍTICA

Relatório da PF aponta envolvimento de Bolsonaro em minuta golpista com pedido de ajustes

Depoimento de Mauro Cid revela que ex-presidente ordenou alterações em documento que previa prisão de Alexandre de Moraes e novas eleições.

26/11/2024

16:30

G1

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

O sigilo do relatório final da Polícia Federal (PF) sobre a tentativa de golpe de Estado foi retirado nesta terça-feira (26) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. O documento indica que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não apenas tinha conhecimento, mas também participação ativa no planejamento de medidas golpistas.

De acordo com depoimento do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o ex-presidente recebeu uma minuta de decreto golpista e ordenou ajustes. Entre as alterações, Bolsonaro determinou que o documento mantivesse "apenas" dois pontos principais:

  1. Prisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
  2. Realização de novas eleições presidenciais.

Origem e conteúdo da minuta

Segundo Cid, o texto foi entregue a Bolsonaro pelo assessor Filipe Martins e pelo advogado Amauri Feres Saad. A minuta incluía alegações de interferências do Poder Judiciário no Executivo, justificando medidas extremas, como a prisão de autoridades e novas eleições.

Entre os nomes mencionados como alvos do plano estavam:

  • Alexandre de Moraes, ministro do STF.
  • Gilmar Mendes, ministro do STF.
  • Rodrigo Pacheco, presidente do Senado Federal.

A minuta fazia parte de um esquema maior, descrito pela PF como um plano coordenado para enfraquecer as instituições democráticas e garantir a permanência de Bolsonaro no poder.

Plano de divisão de tarefas

O relatório da PF detalha que os envolvidos no esquema atuaram de forma coordenada, com divisão de tarefas, utilizando grave ameaça para tentar abolir o Estado Democrático de Direito. A investigação aponta que o plano começou a ser articulado ainda em 2019, quando Bolsonaro assumiu o mandato.

Desdobramentos do relatório

O documento, que contém centenas de páginas, foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR). Caberá à PGR analisar os indícios e decidir se apresenta denúncia contra os 37 indiciados, incluindo Bolsonaro.

A PF destacou que as evidências coletadas demonstram a autoria e materialidade dos fatos, reforçando a gravidade do esquema articulado.

Contexto jurídico e político

Com as revelações, o cenário jurídico de Bolsonaro se torna ainda mais delicado. Além das investigações relacionadas a crimes eleitorais, o ex-presidente pode enfrentar acusações graves de abolição do Estado Democrático de Direito, que podem acarretar sanções severas, incluindo inelegibilidade e prisão.

As ações descritas no relatório indicam o comprometimento de membros do governo Bolsonaro com práticas clandestinas que desafiavam a ordem democrática e ameaçavam a estabilidade institucional do país.


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