JÚRI POPULAR
Advogados de defesa de Jamil questionam validade do bilhete de Mossoró em júri popular
Bilhete que planejava execução de membros da força-tarefa e promotor de Justiça é contestado pela defesa dos réus
16/09/2024
17:50
CE
DA REDAÇÃO
©Gerson Oliveira/CE
Durante a continuidade do júri popular que julga o empresário Jamil Name Filho e outros três acusados pelo assassinato de Marcel Hernandes Colombro, conhecido como o playboy da Mansão, a defesa dos réus questionou a validade de um bilhete apreendido no presídio de Mossoró. O bilhete, escrito em uma folha de papel higiênico, supostamente detalha um esquema de execução de membros da força-tarefa e de um promotor de Justiça.
A defesa de Jamil Name Filho e de Marcelo Rios alinhou sua estratégia para contestar a autenticidade do bilhete, alegando que ele não passou por perícia grafotécnica pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Esse ponto foi central nas argumentações da defesa, que busca desacreditar o bilhete como prova.
Na manhã de segunda-feira (16), o delegado Tiago Macedo dos Santos, a primeira testemunha de acusação, chegou a chorar durante seu depoimento ao falar do bilhete. Ele afirmou que o documento arquitetava um plano da família Name para assassinar membros da força-tarefa da Operação Omertà, incluindo ele próprio e outros promotores envolvidos nas investigações.
Já à tarde, o delegado Sartori, do Garras, também depôs como testemunha. Ele foi questionado sobre o bilhete encontrado no presídio de Mossoró, onde Jamil Name Pai (já falecido) e Jamil Name Filho estavam presos. Sartori confirmou que o bilhete foi apresentado por um presidiário cujo nome foi resguardado por segurança. O documento continha detalhes sobre o plano de execução e sobre a arma usada no crime contra Marcelo Hernandes.
Segundo o delegado Sartori, o bilhete indicava que Marcelo Rios deveria assumir a culpa pelo crime. Ele reforçou que, pelas circunstâncias da apreensão do bilhete, não havia dúvidas sobre sua origem. No entanto, ao ser questionado pela defesa, Sartori admitiu que o bilhete não passou por perícia e que não acompanhou a entrega do material pessoalmente, apenas o recebeu de forma documental.
Um dos pontos principais levantados pela defesa foi a ausência de perícia grafotécnica no bilhete. O delegado Sartori declarou desconhecer se o bilhete havia passado por esse tipo de análise. A defesa também questionou se o preso que apresentou o bilhete confirmou sua autoria em juízo, mas Sartori afirmou não ter essa informação.
O bilhete, que pedia a morte de membros da força-tarefa e de um promotor de Justiça, foi usado como prova nas investigações da Operação Omertà. De acordo com o delegado Sartori, ele continha informações detalhadas que ajudaram a direcionar as investigações, incluindo a indicação de que Rios deveria "assumir toda a bronca" do caso.
O segundo júri popular começou nesta segunda-feira (16) e está previsto para durar até a quinta-feira, podendo ser estendido por mais um dia, se necessário. Segundo o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, devem ser ouvidas 16 testemunhas durante os quatro dias de julgamento.
Os réus, incluindo Jamil Name Filho, respondem por homicídio qualificado, com agravantes como motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima. Eles também são acusados de tentativa de homicídio contra outra pessoa que foi baleada no mesmo incidente. Jamil Name Pai e José Moreira Freires, que também eram réus no processo, morreram durante o curso das investigações.
O ex-guarda Rafael Antunes Vieira, outro acusado, responde por porte ilegal de arma de fogo. O Ministério da Justiça e Segurança Pública será responsável pela transferência dos réus durante o período do júri.
O caso segue sob grande atenção pública, dado o envolvimento de figuras influentes e o impacto da Operação Omertà no combate ao crime organizado em Mato Grosso do Sul.
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