Campo Grande (MS), Quinta-feira, 10 de Outubro de 2024

MEIO AMBIENTE

Brasil registra umidade do ar mais baixa que o deserto do Saara, aponta MetSul

Com estiagem prolongada, níveis críticos de umidade atingem várias regiões do país, enquanto o Saara surpreende com chuvas incomuns

09/09/2024

07:12

NAOM

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

Um levantamento divulgado pela empresa de meteorologia MetSul na última sexta-feira, 6, revelou que grande parte do Brasil está registrando níveis de umidade relativa do ar mais baixos do que os observados no deserto do Saara, no norte da África. Enquanto o Brasil enfrenta uma estiagem prolongada, partes do deserto têm registrado índices de umidade surpreendentemente altos, com possibilidade de chuvas raras para essa época do ano.

No mês de setembro, quase todas as regiões brasileiras apresentam níveis extremamente baixos de umidade relativa, em muitos casos iguais ou inferiores a 10%. Na sexta-feira, 6, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta laranja de perigo devido à baixa umidade para o Distrito Federal, São Paulo e outros 15 estados brasileiros. Além disso, três estados — Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná — estão sob alerta amarelo, que indica perigo potencial para baixa umidade.

Atualmente, uma massa de ar excepcionalmente seca está sobre o Brasil. De acordo com a MetSul, é comum que a região central do país registre baixa umidade nesta época do ano, mas a situação foi agravada por fatores como a estiagem prolongada em várias áreas, que começou mais cedo este ano, e a baixa frequência de frentes frias que atingem a porção central do Brasil.

Esse ciclo se intensifica com a menor umidade do solo, decorrente das baixas chuvas, e as temperaturas elevadas. O tempo seco tem contribuído para a redução do nível dos rios, especialmente na Amazônia, além de aumentar o risco de incêndios em várias regiões, como o interior de São Paulo. Segundo o Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Brasil registrou 8.225 focos de incêndio nas últimas 48 horas em diferentes biomas, com várias frentes de fogo ativas.

Comparação com o Saara

A MetSul comparou os níveis de umidade no Brasil com os do deserto do Saara utilizando dados de estações meteorológicas localizadas em aeroportos das capitais de países situados na região desértica do Norte da África. Na quinta-feira, 5, os menores índices de umidade registrados nessas áreas foram: 36% no Cairo (Egito), 52% em Niamey (Níger) e Argel (Argélia), 59% em Bamako (Mali) e 84% em N'Djamena (Chade). Por conta das limitações de monitoramento em regiões desabitadas e conflitos locais, essa estratégia foi utilizada para viabilizar a análise.

Além dos dados de superfície, a MetSul também utilizou modelos numéricos para comparar a umidade relativa do ar no Brasil e no Saara. Na tarde de sexta-feira, 6, os mapas do modelo norte-americano GFS mostraram que a umidade estava elevada em muitas áreas do Sahel, ao sul do Saara, enquanto o Brasil apresentava índices extremamente baixos.

Chuvas raras no Saara

Além das condições de umidade, o deserto do Saara tem registrado uma quantidade atípica de chuvas nas últimas semanas. Algumas áreas receberam cinco vezes o volume médio de precipitação esperado para agosto e setembro, fenômeno raro que ocorre aproximadamente uma vez a cada década. Regiões como o Chade, Líbia, Níger e Argélia podem enfrentar inundações localizadas devido às precipitações excepcionais.

Esse evento é causado por uma faixa de baixa pressão chamada Zona de Convergência Intertropical, que está trazendo tempestades para áreas que normalmente são extremamente secas. Mali e Mauritânia estão entre as regiões afetadas, e o fenômeno deve se expandir para o oeste e norte da Argélia nos próximos dias.


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