Campo Grande (MS), Quinta-feira, 25 de Abril de 2024

DAKILA PESQUISAS

Ratanabá: Para confirmar origem antrópica, profissional utiliza 3 pilares da geoarqueologia

11/08/2022

23:45

ASSECOM

Geologia, geomorfologia e padrão de drenagem foram os três pilares de análise utilizados pelo geoarqueólogo Saulo Ivan Nery para identificar que houve intervenção humana na região das linhas de Apiacás, no Estado do Mato Grosso (MT), local onde Dakila Pesquisas chama de Ratanabá. 

A região estudada é uma confluência entre três estados: Mato Grosso, Pará e Amazonas. Muitas universidades do entorno realizaram pesquisas na floresta amazônica a fim de estudar os componentes que existem no local. Conforme explicou Saulo, na literatura científica não foram identificadas grandes falhas geológicas nessa área mapeada pelo LiDAR. A diferença expressiva foi encontrada um pouco mais ao sul e esse foi um dos primeiros pontos que fez o profissional descartar a hipótese de que as linhas são relevos naturais. 

Para entender, a falha geológica é a ruptura ou cisão de um bloco de rochas ou faixas estreitas da superfície, que é responsável pelo deslocamento de suas partes. A geomorfologia tem como base a geologia. O conceito está diretamente vinculado à etimologia da palavra: Geo = “Terra”; morfo = “forma”; logia = estudo. Assim, trata-se do estudo sobre a forma da Terra, ou seja, as manifestações do relevo e toda a dinâmica estrutural a ele relacionada. 

Levantamentos topográficos e das bacias hidrográficas (padrão de drenagem) realizados pelo Exército Brasileiro e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foram utilizados neste estudo comparativo com as imagens do LiDAR, e confirmaram a intervenção humana. “O mapa das águas mostra que o padrão identificado dos rios é semelhante ao dendrítico, ou seja, não há nenhum padrão de rio retangular ou paralelo que justifique as linhas retilíneas da área, muito menos apoio paisagístico de que o relevo construiu isso”, explicou o geoarqueólogo. 

Durante as pesquisas, diversas matérias jornalísticas e vídeos no YouTube foram publicados para contrapor a ideia de formações antrópicas, alegando que as linhas tinham influência dos corpos hídricos da região. A pesquisadora Fernanda Lima, reforçou, durante apresentação dos planaltos residuais da Amazônia, que a ação das águas é bem diferente dos recortes retilíneos vistos em Ratanabá. “No mapa não vemos, em momento algum, as águas percorrendo os caminhos perfeitamente retos”, afirma ao comparar a apresentação com o resultado do LiDAR. 

Para dar mais certeza às informações, Saulo trouxe como exemplificação uma análise geomorfológica da Bacia do Rio Teles Pires, mostrando como ocorre um alinhamento regional natural. Pela imagem apresentada, há duas linhas traçadas no sentido noroeste/sudeste e mais acima, no topo da figura, está localizada – aproximadamente – a área de Ratanabá. “Essas linhas demarcadas na imagem mostram onde houve falha geológica de grande profundidade. Os blocos de rocha que compõem essa crosta terrestre quebraram nesses pontos e formaram as falhas, fazendo movimentos verticais, ou seja, um lado subiu e a outra  parte do relevo desceu, formando, hoje, o que conhecemos como Serra do Cachimbo”, explicou o profissional, mostrando a diferença de uma formação natural e modificações feitas pelo homem. 

Mapa de lineamentos regionais da Bacia do rio Teles Pires utilizada pelo geoarqueólogo para mostrar a diferença de um solo com modificações naturais do solo com falhas geológicas. Foto: reprodução YouTube 

Outro fator apresentado pelo geoarqueólogo comprovando que o local sofreu intervenção do homem é a geologia e estratigrafia (camadas) das rochas. “A região é constituída por arenito, sendo um material mais friável e fácil de ser cortado, diferente do granito, por exemplo. Esse é um ponto positivo que apoia a ideia de que os cortes em Ratanabá são antrópicos”. 

A região monitorada pelo LiDAR nas Linhas de Apiacás possui 95 hectares e a planta baixa do local indica, no mínimo, 30 quadras e 30 ruas. A rua principal supera 16 quilômetros de extensão. As estruturas têm, no mínimo, 50 metros de altura em relação ao solo. 

A análise técnica foi essencial para trazer justificativas científicas sobre as intervenções humanas ocorridas no local. Ainda há muito o que ser estudado na região e em breve mais um trabalho de campo será realizado para descobrir outras evidências de Ratanabá. 

Assista a Live completa disponível no canal do YouTube de Dakila Pesquisas e confira as imagens do mapeamento feito com o Light Detection And Ranging: Live • Ratanabá – Lenda ou Realidade? | Análises do LiDAR – YouTube


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