Campo Grande (MS), Quarta-feira, 24 de Abril de 2024

ENTREVISTA

Inclusão Cultural - diretor cria projeto no MS para destacar a importância da acessibilidade para todos 

19/06/2022

21:00

ALESSANDRA PAIM

©DIVULGAÇÃO

O produtor e diretor da peça “O que os Olhos veem o coração sente” conta que se inspirou na vida do seu tio que é deficiente visual, com a convivência, foi conhecendo todo esse universo, dos dramas, dificuldades, aceitação, falta de acessibilidade que todo portador de deficiência visual passa. Alexandre Melo explica que mostrava seus trabalhos para o tio e o mesmo pedia para ele áudio descrever todo os trabalhos pro tio conhecer. Com o tempo Alexandre teve a ideia de fazer um projeto cultural voltado para todos os deficientes visuais, eles seriam os próprios atores desse projeto, foi nesse instante que surgiu a peça “O que os olhos veem o coração sente” no elenco há 05 atores cegos que retratam a realidade de um deficiente visual. Os atores foram selecionados por meio de oficinas feitas no ISMAC. O protagonista da peça é um homem que fica cego de repente e enfrenta a realidade após o diagnóstico com medos, inseguranças, dificuldades de aceitação, dificuldades da sociedade aceitar essa condição e outros fatores dentro dessa realidade. A estreia já aconteceu em maio e teremos a 2° temporada segundo o diretor, em agosto. Alexandre conta com emoção a pré-estreia de como foi gratificante ver o resultado depois de muito trabalho e dedicação, a plateia aplaudiu com muito glamour a apresentação.  Para poder assistir a peça o público na entrada é vendado do início ao fim e há um túnel da acessibilidade no corredor onde há todo tipo de empecilhos que o deficiente visual passa no seu dia-a-dia. O produtor explica a condição do público estar vendado e do túnel para todo mundo sentir na pele de como é a vida de um deficiente visual. O intuito do projeto é dar abertura para trabalhos culturais para essas pessoas, mostrando o quanto grande é a capacidade de cada um, dando essa oportunidade pra eles mostrarem o seu potencial e também reforçar a responsabilidade de todos dentro da sociedade. Destacando também a importância da acessibilidade. Alexandre Melo fala da experiência ímpar com os atores, ele destaca que todos foram muito dedicados na seleção, na ânsia de se tornarem atores da sua própria história. Conta ainda da felicidade dos atores com o projeto finalizado, que muitos tentaram fazer, mas não finalizaram pelos obstáculos para seguir em frente com o projeto. O diretor complementa das dificuldades no início, ele teve que estudar muito, fazer cursos e até estudar o corpo humano para dar andamento pro projeto, ele entrou no mundo dos deficientes visuais para poder criar o projeto.” Isso pra mim foi um aprendizado, eu tive que estudar o corpo humano pra falar com eles. Fui aprender isso na vivencia com eles e foi enriquecedor pra mim”, destaca Alexandre. Para quem tiver interesse em assistir essa peça linda ao vivo acompanhe as redes sociais do diretor no Instagram @alexandremelo_oficial e na rede social do ISMAC @ismac.ms. 

Segue a entrevista completa: 

O que é o Projeto “O que os Olhos veem o coração sente”? 

Alexandre_ o projeto é um motivo de transportar uma pessoa vidente que enxerga pro mundo de um deficiente visual, de uma pessoa que não enxerga. E pra fazer isso iniciamos com uma oficina para selecionar atores cegos, pra estarem no palco mostrando como é a vivência de um deficiente visual. Porque na cena eles não falam da vivencia de alguém que enxerga e sim de uma pessoa que não enxerga e o personagem principal acaba de ficar cego e a cena inteira é falada sobre a dificuldade dessa pessoa, de aceitação, a dificuldade do dia-a-dia, da dificuldade das pessoas aceitarem na sociedade como deficiente visual. Foram selecionados 05 atores cegos. E começamos o trabalho de ensaios e praticamente ensiná-los porque todos os selecionados eram amadores no teatro, era o primeiro contato deles com o teatro. Esses ensaios foram mais educativos mesmo, a gente ensinou essas pessoas a atuarem e depois vieram as apresentações do espetáculo. Eu propus pro espetáculo colocar eles em escolas, praças públicas e teatros, cumprindo todas essas etapas. Foi finalizado com um workshop para os próprios deficientes visuais falarem das suas vivências e ensinarem as pessoas como lidarem com um deficiente visual. O projeto é isso, um espetáculo teatral feito com intuito de levar as pessoas que enxergam pro mundo de um deficiente visual 

Como foi a iniciativa de lançar esse projeto? 

Alexandre_ tenho um tio que é deficiente visual ele é casado com a minha tia. Quando ele entrou na família eu lembro que ele pediu pra me aproximar dele, queria me conhecer e ele começou a tocar no meu rosto e aquilo mexeu muito comigo. E passaram anos, eu já trabalhava com artes e sempre quando mostrava os meus trabalhos pra eles ele pedia para áudio descrevendo o que acontecia em cena. E um dia eu pensei,” porque não fazer um trabalho pra eles”? Pra que eu não precise toda vez ter alguém que fique áudio-descrevendo como se eles fossem algo diferente, um empecilho ou alguma coisa assim por que era isso que vinha na minha cabeça. Porque meu tio não ia aos teatros por que sempre teria alguém explicando pra ele o que estava acontecendo então ele sentia isso como uma dificuldade. Eu pensei porque não colocar eles como prioridade e nós que enxergamos entrar no mundo deles? E a partir daí dessa a vivencia com meu tio que surgiu a ideia e foi assim que nasceu esse projeto. 

Quem são os personagens que compõem o projeto? 

Alexandre_ eu tenho 05 atores em cena. São 04 personagens principais e o quinto ator fazem os personagens que linka uma cena a outra, que dá vida pra essas cenas. São esses personagens pequenos que dão sentido a cena. O protagonista que é o personagem chamado Lucas que é feito pelo ator Jefferson Messias. Ele acaba de ficar cego, ele está saindo do trabalho e sente que a sua visão embaça, já usava lente, já tinha então um problema de visão e naquele momento ele sente que não enxerga mais. Ele fez várias consultas médicas e o diagnóstico que ele está totalmente cego a partir desse momento começa todo o drama dele. De se aceitar como deficiente visual e fazer com que as pessoas em sua volta o entendam. Nesse momento entra a esposa do Lucas, que é a Fernanda (Atriz Cristiane Thiecher) e ela não aceita essa cegueira dele, não consegue mais viver com ele a partir dessa mudança, sente falta da rotina que eles tinham de antes dele ficar cego e não aceita essa mudança na vida dela por que a mudança não é só na vida dele e dela também. Terceiro personagem o Nei (ator Luiz Alberto) que é o melhor amigo o Lucas, o Nei traz humor para o personagem do Lucas, quebra todo esse clima tenso e tenta transportar pro lado do humor. É um amigo que dá esse suporte e tenta alegrar a vida desse personagem que está passando todo esse drama. O quarto personagem vem a psicóloga que começa a fazer esse suporte pro Lucas que eles chamam, em toda instituição pra cegos eles chamam de reabilitação. Então ela é o suporte de reabilitação do Lucas e eles começam a se aproximar a partir dali essa psicóloga tem o nome de Maíra (Atriz Monique Lopes). O quinto que é o ator Nivaldo Santos faz vários personagens que linkam essas histórias. Por exemplo, o médico que dá ao diagnóstico do Lucas, desde o homem que zomba dele no ônibus, o garçom que não consegue atendê-lo por esse ser um deficiente visual. Então, ele vai linkando essas cenas com esses personagens paralelos. 

Qual o tema principal do projeto? 

Alexandre_ o tem a principal é a cegueira. A gente fala da vida de um deficiente visual, a questão da aceitação, os problemas que eles enfrentam no dia-a-dia, da reabilitação, da aceitação dos outros com eles e finaliza com a mensagem de que isso pode acontecer, vai estar tudo bem, tudo dá certo no final, a vida não acaba, não termina, tudo tem um recomeço, tudo pode se transformar. Se perde em um lugar, você ganha em outro. A mensagem pro público é se um dia chegar acontecer não se desespere, isso tudo vai passar, tem um suporte, tem um auxilio. Você vai passar por esse luto mais vai seguido de um dia de luz, você vai passar por esse drama, mas vai encontrar uma luz no final do túnel. Isso vai te mostrar que por fim, vai dá tudo certo, vai estar tudo bem. 

Como são as apresentações? Fale um pouco 

Alexandre_ o espetáculo tem em média de 01 hora, a gente inicia já vendando o público na recepção. E o público passa por uma dinâmica de sensorial, então a partir do momento que ele é vendado, é dado uma bengala pra ele e passa como se fosse por alguns minutos ali como deficiente visual. Eles vão passar por um túnel da acessibilidade que tem várias questões acessíveis de deficientes visuais desde piso tátil, galhos de árvores que atrapalham eles no dia-a-dia, sujeiras no chão que nós deixamos que pra gente é comum, mas pra eles já é uma dificuldade, barulhos que interferem. Tudo isso tem nesse túnel da acessibilidade então a pessoa já passa por esse túnel pra sentir esse drama. O público sozinho tem que seguir até encontrar sua cadeira e se tiver alguma dificuldade, tem as pessoas aí pra auxiliar. Depois que tiverem sentados inicia o espetáculo e o público assiste todo o espetáculo vendados até o final. 

Qual o público-alvo? 

Alexandre_ são para todas as pessoas, livre acesso para todas as idades, todos os públicos. Claro, que quando você tem deficiente visual em cena, representando uma classe, você quer atingi-lo numa grande maioria. Eu não posso deixar de falar que o espetáculo não é para eles, sim é para os deficientes visuais, pra eles irem assistir e não precisar ter uma pessoa aí explicando pra eles o que está acontecendo em cena por que o espetáculo todo é explicativo. Ele é áudio descritivo. A todo momento, toda ação dos personagens é auto descritivo. E claro que são pra eles o espetáculo, mas também para as pessoas que enxergam nessa posição dos def. visuais. O espetáculo é voltado pra eles, porém pra atender toda a população no modo geral. 

Como foi a seleção dos atores?  

Alexandre_ os atores foram selecionados por meio de oficinas no ISMAC (Instituto Sul- Mato Grossense para Cegos Florivaldo Vargas) por uma semana. Como eu já sabia dos personagens, eu já sabia o que eu queria para cada personagem. E de acordo com cada pessoa que me dava nessa oficina eu fui pegando coisas das pessoas e que eu tinha dos personagens, então eu fui fazendo um balanço. E também quem saísse melhor, que participava todo dia da oficina, tinha essa dinâmica de uma pessoa muito parecida com que o personagem já traria pra cena. Mas também, teria que ser uma pessoa boa de palco. 

Como foi a reação dos atores para participar da oficina/espetáculo? 

Alexandre_ quando eu cheguei pra fazer a oficina com eles, estavam ansiosos, eufóricos, eles queriam muito participar. Eles se dedicavam ao máximo. Eu já dei oficinas para as pessoas que enxergam e a gente percebe que há uma certa timidez no início e pra eles já não tinha isso. Eu não sei se entra a questão de não enxergar ou se era essa ânsia de querer esses personagens pra eles. Eles me falavam que era a oportunidade da vida deles e não podiam desperdiçar essa chance. A dedicação foi 100% de todos eu fui muito gratificado porque todos ali foram muito dedicados, eles se jogavam de corpo e alma e eu sou muto grato por isso. Já pro espetáculo eles estavam mais ansiosos ainda então eu vou usar uma mensagem de um dos atores:” Professor, eu não consigo lembrar nada do espetáculo, eu estava tão eufórico que parecia que minha alma não estava em mim, parecia que eu não estava em mim. Só lembro depois que quando acabou, quando as pessoas vieram falar comigo e a adrenalina foi baixando. Foi uma sensação que eu nunca mais vou sentir na minha vida, vai ser algo inesquecível na minha vida’. Eu lembro muito desse ator ter falado isso, quando eu pisei no palco pela primeira vez eu também senti algo parecido e foi o mesmo pra eles eu consegui trabalhar com uma pessoa que não enxerga e trazer essa emoção pra eles, pra mim foi algo fantástico. 

Alexandre, houve alguma dificuldade de tirar o projeto do papel?  

Alexandre_ sim muitas. Quando eu comecei a fazer pesquisas, nossa, é muito difícil falar sobre, principalmente por que não é meu lugar de fala e eu enxergo e por isso eu fui acessar muitas pessoas que não enxergavam, a conviver o máximo possível com elas. Eu tive muita dificuldade pra escrever, eu escrevia uma coisa no meu imaginário e quando eu ia acessar aquilo era totalmente o contrário. Eu tinha um pensamento, um pensamento equivocado e quando eu ia executar, era outro. Então, a minha primeira dificuldade foi a partir daí. Eu já pensava desde o início fazer um roteiro áudio descritivo e eu fiz o primeiro áudio descrição e mostrei para uma profissional e ela disse que não era assim que fazia, eu pensei: “vou ter que estudar então”. Pesquisei cursos e eu ia passar uma temporada no RJ e aproveitei que ia ter um curso nessa temporada que estaria no RJ e aproveitei e comprei 02 cursos de áudios descrição para que eu conseguisse entender mais sobre. E depois disso tudo, escrevi o projeto na Lei de Incentivo à Cultura, a famosa Lei Rouanet que muitos falam e não é como todos pensam, um negocio fácil de fazer, passei por muitas dificuldades, a primeira vez que fiz foi recusado por falta de informações e outras tentativas também foram recusados, insisti e corri atrás com outras informações que faltavam e aí sim foi aprovado pela lei. Depois aprovado, fui atrás de patrocínio e inscrevi no Cultural Vale e consegui passar. Outra dificuldade, foi encontrar uma equipe para trabalhar comigo. Enfim, quando eu vi o projeto finalizado, eu fiquei muito orgulhoso de ter passado por tudo isso e conseguir entregar algo da maneira mesmo que eu imaginei. Quando vi finalizado eu pensei: “era exatamente isso que eu queria”. 

Além do projeto “O que os olhos veem o coração sente há outros projetos em vista”? Quais? 

Alexandre_ claro, (...risos) um artista é uma máquina que está ali funcionando 24 horas. Minha cabeça não desliga, tenho alguns projetos já em andamento. “O que os olhos veem o coração sente “continua, a gente entra agora em agosto com a 2° temporada de apresentações, estamos definindo locais. É um projeto que eu quero que tenha uma vida longa por que além de ser um espetáculo teatral é um projeto social, é uma coisa que quero levar isso a mais pessoas, colocar a sociedade mesmo para enxergar isso como um projeto social, que a acessibilidade não seja um luxo, mas que seja uma obrigação de todos, que todos tenham o direito a acessibilidade, todos têm esse direito, mas poucos têm acesso. Acessibilidade tem que ser pra todos e esse projeto fala muito sobre isso. Eu tenho um espetáculo meu, um monólogo, que se chama “Solamente Só” que também estou trabalhando nele e já tenho uma proposta para executar ainda em 2022. E também tem outro projeto chamado “Elevador” que é um espetáculo meu, provavelmente quero lançar em 2023. 

No MS você acha que há uma certa resistência para projetos de inclusões sociais? Por que? 

Alexandre_ olha, queria até que um ator meu respondesse essa pergunta. Por que ouvi vários comentários deles, das dificuldades. Quando selecionei os atores pra esse projeto eu ouvi vários deles que o medo deles era que o projeto não saísse do papel. Eles me parabenizaram por que eu comecei o projeto e terminei por que várias pessoas tentaram dar início e não terminaram. Eu acho que o nosso Estado é um pouco defasado nisso, por que quando as pessoas veem dificuldades elas correm, as pessoas não querem algo que seja difícil. A gente já tem essa dificuldade no nosso Estado por que o nosso Estado é muito de agronegócio. E a cultura não é muito consumida. Você tem que fazer uma boa divulgação para você conseguir levar um público legal pra te assistir. Agora você imagina fazer cultura pras pessoas que não enxergam, para as pessoas que necessitam de acessibilidade, é uma dificuldade ainda maior. É como eles mesmo falavam: “Eu estou aqui representando uma classe inteira, por que eu nunca vi um cego atuando aqui no Estado”. Eles estavam se sentindo muito orgulhosos por serem os primeiros. Então, eu fui o pioneiro nesse momento, mas eu quero muito ver as pessoas que tenham suas deficiências na dança, no teatro, no circo, em vários locais e todas essas pessoas podem estar em cena e é o lugar delas também. Basta a gente querer, oportunidades de fazer a gente tem, vai dar um pouquinho mais de trabalho? vai e por fim quando concluir o trabalho você vai ver o quanto é grandioso, o quanto é super valioso, principalmente pra nós e muito mais pra eles. 

Em quais plataformas digitais o projeto será disponibilizado? 

Alexandre_ isso é um problema, (...risos) como conheço pessoas do Brasil inteiro divulgando a minha arte e conheço pessoas de vários locais e essas pessoas não tiveram acesso ao espetáculo e eles querem muito assistir, todo mundo me pede. Mas ele não é um espetáculo pra ser assistido, quando você assiste você não sente a mesma emoção que é sentido no ao vivo. Por que com os olhos vendados você consegue sentir toda dinâmica do espetáculo, você consegue sentir todos os sentidos sensoriais que é acessado ali no espetáculo. E se você assistir via plataforma digital voce não vai sentir isso, você vai ter uma ideia do que é um espetáculo, mas não vai ter esse mesmo sentimento. A princípio eu não vou disponibilizar, a minha ideia é tentar levar o máximo de pessoas possíveis pro ao vivo, pro público sentir esse espetáculo. Se depois de fazer essa circulação eu ver essa necessidade de disponibilizar, eu vou disponibilizar. Mas nesse momento não, eu quero trazer o público pra sentir mesmo esse espetáculo, pra sentir essa questão dos sentidos, pra ter esse acesso, pra imaginar como é estar na vida de um deficiente visual. 

Qual o seu maior desejo? 

Alexandre_   o meu pessoal é que eu consiga continuar trabalhando com a minha arte, consiga continuar tocando, comovendo, envolvendo pessoas por que é isso que a arte vem, pra transformar, mexer com as pessoas, para que as pessoas consigam se sentir tocadas de alguma forma. Eu sempre falo, se meu projeto conseguir mudar a vida de uma pessoa, a minha missão foi concluída com ele. Esse é meu projeto, meu desejo como ser humano, conseguir fazer a minha arte mudar a vida de pessoas e eu acho que estou conseguindo, essa missão foi me dada, eu sempre amei muito a arte e desde 2015 eu vivo disso, eu me considero artista desde então. E tenho comigo que a minha missão como artista é mudar a vida de pessoas e viver com a minha arte. E o profissional foi eu conseguir colocar esse projeto pra funcionar e poder transformar esses 05 atores, mudar a vida deles, que consegui transformar a vida deles foi uma grande satisfação pra mim. 

Conte um acontecimento mágico que vivenciou dentro desse contexto. 

Alexandre_ a pré-estreia foi algo muito mágico tanto pra mim quanto pra eles. Eu estava muito ansioso por que era a minha primeira vez dirigindo pessoas cegas e eu não sabia qual seria o resultado disso e é uma coisa nova, o público vendado, o publico não ia assistir e só sentir. O meu medo era o público não sentisse aquilo, era as pessoas tirarem as vendas pra ver por que não estava passando a emoção que eu queria passar. E quando finalizou a pré-estreia, finalizou a apresentação e o publico tirou a venda e começou a bater palmas meu coração foi fervendo, foi uma emoção muito grande naquele momento, foi lago mágico, o público entendeu. Quando tiraram a venda e os olhos lacrimejando, eu dei aquela respirada e disse: “aconteceu”, o público entendeu a proposta e se emocionaram. E depois as pessoas chegavam até a mim e queriam entender como foi feito, como iniciou, como foi tudo e isso foi muito mágico pra mim. A mãe de um dos atores veio até mim sem falar uma palavra e me abraçou e me deu um beijo no rosto, e com os olhos dela dizia tudo e naquele momento abracei ela e com os meus olhos consegui dizer tudo que ela queria ouvir. 

Para quem tiver interesse em participar do projeto qual o canal para inscrição? 

Alexandre_ as oficinas no momento estão encerradas. A minha ideia, (vou te dar um spoiler aqui) para as próximas temporadas. A minha ideia é ir incluindo etapa por etapa os deficientes visuais em vários outros itens, na criação de um espetáculo teatral. O primeiro foi colocar os atores em cena, mas eu quero incluir eles em todas as etapas. Na cenografia eu quero ter alguém me auxiliando, quero que tenha alguém na trilha sonora, quero alguém auxiliando na parte administrativa. Eu quero aos poucos inclui-los nessas etapas. O pontapé inicial foi dado com eles no palco e agora pouco a pouco vou abrindo oficinas no ISMAC e selecionando para as próximas etapas. Como ter acesso as essas informações via-rede social tanto do ISMAC quanto da minha rede? No Instagram @alexandremelo_oficial e na rede social do ISMAC @ismac.ms.

MENSAGEM 

A mensagem é que a gente se coloque mais no lugar do outro, que antes de tomar qualquer atitude que possa ferir alguém, que se coloque no lugar dessa pessoa e veja por que essa pessoa fez aquilo, por que essa pessoa está passando por aquilo naquele momento. Tem uma fala no espetáculo que eu levo isso pra minha vida, que escutei isso de uma deficiente visual que eu fiz questão de colocar no espetáculo: “andar no escuro é coisa pra profissional, é diferente ter uma dificuldade, é diferente lidar com eles? É, mas eles são capazes, a questão da acessibilidade, a questão de atender as pessoas com igualdade. Quem tiver oportunidade de participar desse espetáculo de participar vai ver o quanto essas pessoas são capazes. Hoje quando eu falo do espetáculo não trato mais eles como amadores por que hoje eles são profissionais. Essa é a mensagem, entender por que essa pessoa está passando por aquilo, se colocar no lugar do outro pra não ferir ninguém, por que todo mundo é igual. Outra mensagem que uma menina disse e coloquei no espetáculo foi “a única coisa que tenho medo é de ficar cega e eu fiquei, então hoje eu não tenho medo de mais nada, eu quero viver”. É isso, vivam, respeitam e vivam”, diretor e produtor, Alexandre Melo.  

REFERÊNCIAS DE PESQUISAS 

(10) “O QUE OS OLHOS VEEM O CORAÇÃO SENTE?": PEÇA ENCENADA POR CEGOS TERÁ PRÉ ESTREIA HOJE NA CAPITAL - YouTube 

Alexandre Melo | Facebook 

Alexandre Melo (@alexandremelo_oficial) • Fotos e vídeos do Instagram 

Ismac Florivaldo Vargas (@ismac.ms) • Fotos e vídeos do Instagram 

*Jornalismo Independente


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