Campo Grande (MS), Sexta-feira, 19 de Abril de 2024

ENTREVISTA

Música – Universo Feminino no Underground: banda Haze conta sua história musical e reforça espaço para o estilo no MS 

17/05/2022

16:15

ALESSANDRA PAIM

Há mais de 02 décadas a banda Haze vem conquistando o cenário do MS com uma identidade própria tocando apenas autorais, um destaque da banda era uma banda apenas de mulheres no metal. Atualmente, com uma nova roupagem a banda está composta com um novo baterista, Felipe Lourenço. Sua trajetória musical foi marcada por várias apresentações em shows dentro e fora do MS, participou de grandes festivais e tocaram em alguns bares noturnos de Campo Grande. A banda teve uma pausa na carreira por motivos pessoais e em seguida veio a pandemia que acabou atrasando os novos projetos de saírem do papel. Agora em 2022 Haze vem com muitas novidades para os amantes do estilo. Os integrantes da banda afirmam não gostarem que a banda seja rotulada como banda de thrash metal, os integrantes gostam e tocam todos os estilos dentro do universo do metal como Heavy, Death, Black metal e não se limita apenas no estilo do Thrash metal. A maior dificuldade que a banda afirma que teve no início da carreira e se estende até hoje são a falta de espaços em Campo Grande para esse estilo. Faltam estruturas adequadas para atender as bandas de metal e seu público. Reforçam ainda que para o estilo metal ter reconhecimento e visibilidade além dos espaços para os shows, as bandas terem reconhecimento remunerados. A Página Expressando com Alessandra Paim teve um super bate papo com as integrantes da Banda Haze que falou tudo sobre sua carreira musical no MS. O meu muito obrigada e desejo sucesso pra Banda Haze!  

Segue a entrevista na íntegra 

Expressando com Alessandra Paim - Qual a origem do nome Haze? 

BandaHaze_ Haze significa neblina, nevoeiro em Inglês. No início, a banda se chamava “Kreatures Dark” isso nos primeiros 02 anos e a formação foi mudando, a configuração, o próprio estilo da banda foi amadurecendo e numa tentativa de busca de nome que tivesse mais a cara da banda e dentre várias opções, foi escolhido Haze. 

 Expressando com Alessandra Paim - Há quanto tempo existe a banda? 

BandaHaze_desde 1996. 

Expressando com Alessandra Paim - Como foi a escolha de montar uma banda só de mulheres? 

BandaHaze_ eu Bruna, não participei do início da formação da banda, mas de fato a banda só por mulheres começou porque existia um grupo de amigas que gostavam de som, tocavam algum instrumento e ali houve essa conexão, essa ideia de trocar com as amigas. E a mulher que curte som, está no meio do metal, a gente sente que esse mundo ainda é bastante masculino, na época do início da banda era muito mais e hoje em dia ainda é. Eu ainda desconheço em Campo Grande uma banda de metal, de som pesado composta só por mulheres. Inclusive, nem o Haze é hoje, temos atualmente um homem baterista. 

Expressando com Alessandra Paim - Por que o estilo Thrash Metal? 

BandaHaze_ a gente tem o thrash metal como carro-chefe, mas na verdade não gostamos muito desse rótulo fixo. Porque todas as integrantes, além do thrash metal, gostam de vários estilos dentro do metal: como Death, Black, Have metal. E as próprias músicas do Haze não seguem de fato, uma metragem única do thrash metal, a gente permeia também eventualmente por esses outros estilos. Mas o thrash metal sempre foi o carro-chefe, por ser algo em comum entre os integrantes que sempre compuseram a banda. 

Expressando com Alessandra Paim - Autorais 

BandaHaze_ Haze só trabalha com autorais. Há uma época no início da banda que a banda tocava com alguns covers. Atualmente somente com som autoral. 

 Expressando com Alessandra Paim - Integrantes 

BandaHaze_ atualmente temos 04 integrantes, vocal e guitarra Livia Cordeiro, no baixo Bruna Cordeiro, na guitarra base Aline Dead, bateria Felipe Lourenço.

Expressando com Alessandra Paim - Shows dentro e fora do MS 

BandaHaze_ o Haze deste a sua história já fez shows dentro e fora do Estado.  

Expressando com Alessandra Paim - FESTIVAIS 

BandaHaze_ O HAZE já tocou em vários festivais. Acho que reduziram a oportunidades desses festivais nos últimos anos pro movimento do rock da música underground. 

Expressando com Alessandra Paim - CDS/DVDS 

BandaHaze_ o Haze produziu alguns EP’s no final dos anos 90 e início de 2000. Mas, certamente o trabalho mais importante nosso foi a publicação foi do EP Praga Urbana. Vale destacar que o EP Praga Urbana está disponível em todas as plataformas digitais. 

Expressando com Alessandra Paim - Movimento Underground. 

BandaHaze_ o movimento underground assim como todos os movimentos culturais e musicais está sempre renovando. O Haze ficou com as atividades concentradas na região de SP e lá a gente pode contactar um outro movimento, outras bandas, estúdios, produtores e foi muito legal ver a complexidade, a diversidade inclusive todo mercado envolvido esse movimento underground.  Que basicamente reúne um estilo musical que não corre nas principais mídias mais populares. Mas falando especificamente do metal e aqui no MS, a gente sempre acompanha o surgimento de novas bandas, mas realmente é necessário um espaço maior de profissionalização dessas bandas. E isso surge na verdade quando temos espaços disponíveis para que essas bandas se apresentem. Isso vai fazendo com que o movimento vai se profissionalizando, gerando oportunidades pra esses músicos estarem apresentando seus trabalhos, suas composições. MS tem bandas muito legais e antigas também com reconhecimento a nível nacional.  Resumidamente, o movimento underground persiste ao longo do tempo, sempre tem coisas novas acontecendo e novas bandas surgindo. Mas de fato seria muito interessante se tivéssemos mais espaço, mas casas noturnas que abraçassem o estilo. É um estilo forte e tem um público muito fiel. 

Expressando com Alessandra Paim - Fale um pouco da receptividade do público do MS com o estilo musical e com a formação da banda com mulheres. 

BandaHaze_ o movimento underground no MS é um movimento bem restrito. Acontece não só em Campo Grande como em Dourados, Ponta Porã e Corumbá, também. Mas em Campo Grande somos uma minoria, acho que há 10, 15 anos atrás o cenário era até melhor porque existia diversos festivais e possibilidades dentro do poder público e espaço pra serem feitos shows nesse estilo. Atualmente, é mais difícil, há leis que restringem, casas de shows com volume de som, esses tipos de coisas que fica mais difícil você estruturar um local que atenda bem esse público. As principais casas de rock em Campo Grande atendem mais o público rock n’ roll já o metal pesado, ele ainda continua de certa forma no submundo da cidade. Há poucos bares que se despõem a colocar bandas nesses estilos. Em relação a banda com mulheres, no início da banda existiam muitas pessoas que gostavam muito do Haze. A gente tem um público ainda que acompanha a banda desde os primórdios e o púbico recente da garotada nova. Mas, já ouvimos alguns ruídos que a mulher não tocava nada, no meio dos shows, eventualmente escutávamos alguma ofensa. Hoje em dia está mais tranquilo, há muitas mulheres curtindo da parte do público. Atualmente o cenário é bem favorável pra mulherada tocar esse tipo de som.  

Expressando com Alessandra Paim - Qual a dificuldade que vocês tiveram no início da carreira 

BandaHaze_ no início da banda acredito que uma das maiores dificuldades foi a questão do acesso a estrutura. Ter um local adequado pra ensaiar, equipamentos, instrumentos. Quando começamos tínhamos materiais usados que não tinha uma boa qualidade e isso foi conquistado ao longo do tempo. E certamente umas das dificuldades pra uma banda underground ainda mais num contexto sul mato-grossense é a falta de espaços para que as bandas se apresentem e espaços que também remunerem as bandas nesses trabalhos. 

Expressando com Alessandra Paim - Na sua opinião, ainda há pré-conceitos com as bandas que apostam em estilos musicais como o Thrash Metal? 

BandaHaze_ eu acredito que o thrash metal e outros estilos musicais que compõem o underground, aquilo que chamamos de submundo musical sim de fato, na sociedade em geral existe ainda o preconceito de tudo aquilo que contesta, e que põe a prova comportamentos padrões da sociedade, pensamentos impostos dentro do tempo histórico e que hoje em dia deve ser mudado. 

Expressando com Alessandra Paim - Dentro do estilo Thrash Metal o que a banda Haze tem de diferencial nas apresentações? 

BandaHaze_ o diferencial mesmo em termos de apresentação da banda é a questão de mulheres na composição do grupo.  

Expressando com Alessandra Paim -Devido a pandemia o cenário musical como outros setores tiveram uma pausa. Há projetos, novas músicas, shows pra 2022? 

 BandaHaze_ assim como diversas a pandemia afetou o Haze. Estávamos em 2019 com projetos de retorno, de ensaios. Produzimos um clipe “grito maldito” praticamente 02 meses antes da pandemia e ao longo desses anos de isolamento, tivemos 02 integrantes que viraram mamães, a Livia Cordeiro e Aline Dead. E somados disso também tivemos um tempo pra poder passar essa fase da maternidade, mais recente. E agora de fato produzindo novas músicas, retornando agora em 2022 com ensaios e colocando em prática alguns projetos nossos que estavam ainda no papel. 

Expressando com Alessandra Paim - Fale a respeito do EP gravado “Praga Urbana”. 

BandaHaze_ o EP Praga Urbana foi gravado em 2015 em SP. Composto com 04 músicas: “Praga Urbana”, “Dunas de Pedras”, “Gritos Malditos”, “Carry a Touch For”. No geral as músicas abordam questões envolvendo conflitos sociais, envolvendo críticas a respeito do comportamento humano.   

Expressando com Alessandra Paim - Qual a diferença dos estilos heavy metal versus thrash metal? 

BandaHaze_ está ligado ao tempo musical e a melodia. O heavy metal apresenta vocais mais limpos e melódicos, bastante técnico musicalmente. Já o thrash metal, é muito mais veloz, os vocais são sujos e as letras tendem a envolver críticas sociais, com estilo muito mais despojado do que o heavy metal. 

Expressando com Alessandra Paim - Qual foi o melhor show da Banda Haze? 

BandaHaze_ o melhor show do Haze é difícil falar, varia muito das experiências vividas de cada integrante. Mas pra mim Bruna, que iniciei na banda em 2012, o melhor show foi que tocamos com a banda Nervosa em SP no centro cultural Vergueiro foi muito bacana, com uma qualidade fantástica e com uma banda que estava no início da carreira que hoje em dia está estourando e de pessoas muito queridas pra gente. Então, pra mim foi o melhor show enquanto minha experiencia individual. 

Expressando com Alessandra Paim - Sobre visibilidade musical dentro do universo do metal. Melhorou nos últimos 10 anos? 

BandaHaze_ atualmente a comunicação no meio do metal, do som pesado mudou completamente dos meios digitais de comunicação. Hoje em dia uma banda tem uma visibilidade a nível mundial de uma forma muito mais rápida do que antigamente, que eram trocadas fan zines revistas, cartas, hoje em dia as mídias sociais conseguem fazer com que uma banda tenha visibilidade muito mais rápido e maior do que antes. 

MENSAGEM  

“Agradecemos todo carinho do pessoal que acompanha a gente desde os primórdios e a galera nova que está aparecendo, seguindo nos seguindo nas redes sociais. Aguardem que até o final do ano estaremos de cara nova nos palcos e novo material pro público com som pesado e agressivo como sempre, contribuindo com o som do underground do MS e chamando a mulherada pra gente tocar e bater a cabeça nos palcos que é isso que mais gostamos no thrash metal” (... risos), Banda Haze.      

REFERÊNCIAS DE PESQUISA 

HAZE - Thrash Metal | Facebook 

Haze (@hazethrash) • Fotos e vídeos do Instagram 

https://www.youtube.com/channel/UCf6Fbk0fjGn_X4Ggt5-oB9Q/videos 

Mulheres no Metal: 7 divas fundamentais para o Heavy Metal (whiplash.net) 

Mulheres no Heavy Metal Nacional (wikimetal.com.br) 

Agressive Female Power: fluindo o Metal brasileiro feito por mulheres - Elas Dizem 

*Jornalismo Independente


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