Política / Câmara Municipal
Câmara rejeita doação de terreno ao TJMS, trava obra de R$ 98 milhões e expõe falha de articulação da prefeita Adriane Lopes
Ausência de aliados e falta de contrapartidas sepultam projeto prioritário do Tribunal de Justiça
04/12/2025
21:15
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A Câmara Municipal de Campo Grande rejeitou, nesta quinta-feira (4), o projeto da prefeita Adriane Lopes (PP) que autorizava a doação de um terreno avaliado em R$ 13 milhões ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS). A decisão, inédita e politicamente simbólica, trava a construção do novo Fórum Criminal da Capital, orçado em R$ 98 milhões, e escancara uma falha de articulação da chefe do Executivo municipal.
O imóvel, atualmente ocupado pelo Batalhão da Polícia Militar de Trânsito, foi oferecido pela prefeitura sem exigir nenhuma contrapartida financeira do TJMS — ponto central das críticas que derrubaram a proposta.
A rejeição exigia 20 votos favoráveis entre os 29 parlamentares. A bancada do PT votou integralmente contra a proposta, alegando que a prefeitura vive crise financeira e não pode abrir mão de patrimônio sem retorno.
A vereadora Luiza Ribeiro (PT) enfatizou que a prefeitura não pode entregar um ativo valioso sem negociação prévia:
“Dar um voto para perder essa área sem nenhuma conversa eu não acho justo. É possível o Governo do Estado apresentar alguma vantagem econômica. Podemos examinar no próximo ano.”
O vereador Landmark Rios (PT) reforçou o argumento, citando a precariedade dos serviços de saúde:
“Qual é a contrapartida? Vai mandar dinheiro para a saúde, que não tem dipirona, que não tem fio de sutura? Vamos pegar esse patrimônio nosso e a contrapartida será apenas a construção? Nós precisamos de recurso.”
Embora conte com uma base de 26 vereadores, a prefeita sofreu desgaste adicional: cinco aliados não compareceram à votação, o que inviabilizou o quórum necessário.
Ausentes:
André Salineiro (PL)
Rafael Tavares (PL)
Delei Pinheiro (PP)
Neto Santos (Republicanos)
Dr. Lívio (União Brasil)
A ausência do próprio líder do governo e de parlamentares fiéis ao Paço Municipal comprometeu a aprovação e evidenciou descoordenação política.
A decisão afeta diretamente o planejamento do presidente do TJMS, desembargador Dorival Renato Pavan, que havia abandonado o projeto do novo Palácio da Justiça para focar no Fórum Criminal de Campo Grande.
A corte já contratou a GVC Engenharia (Londrina-PR) para realizar a topografia da área. A intenção de Pavan era iniciar a obra em 2026, reunindo todas as varas criminais em um único complexo moderno.
Com a rejeição, o plano está suspenso até que novo projeto seja encaminhado.
Adriane ainda poderá reapresentar a proposta no próximo ano. Porém, a derrota retumba como alerta — não apenas por travar uma obra de interesse público, mas por sinalizar fragilidade na articulação da prefeita, que não conseguiu garantir apoio nem entre os próprios aliados.
A rejeição, considerada evitável por interlocutores políticos, amplia a pressão sobre o Executivo em um momento de instabilidade fiscal e de disputas crescentes na Câmara Municipal.
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