Cidadania / Trânsito
Custo da primeira habilitação em Mato Grosso do Sul exige mais de cinco meses de trabalho
Estudo da Senatran mostra que tirar a CNH no Estado custa R$ 3.525; novo modelo proposto pelo Governo Federal pode reduzir o valor em até 80%
09/10/2025
18:15
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Os sul-mato-grossenses precisam trabalhar mais de cinco meses e meio para conseguir pagar o valor da primeira Carteira Nacional de Habilitação (CNH) nas categorias A+B, segundo levantamento da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) divulgado pelo Governo Federal nesta quinta-feira (9).
O estudo, que utilizou critérios de referência da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) sobre o endividamento das famílias, mostra que o custo médio da CNH em Mato Grosso do Sul é de R$ 3.525, enquanto a renda média per capita do Estado é de R$ 2.169.
Considerando o limite financeiro recomendado pela Febraban — 30% da renda mensal —, o cidadão teria que guardar R$ 650,70 por mês para atingir o valor total, o que equivale a 5,42 meses de trabalho.
A Febraban alerta que comprometer mais de 30% da renda mensal aumenta o risco de inadimplência e reduz a capacidade de planejamento financeiro.
O levantamento posiciona Mato Grosso do Sul na 12ª colocação nacional em custo de habilitação. O Acre lidera o ranking, exigindo oito meses de trabalho, seguido de Bahia, Amazonas, Maranhão e Pernambuco.
Os dados da Senatran também revelam forte desigualdade entre as regiões brasileiras.
No Distrito Federal, onde a renda média é de R$ 3.444, o número de habilitados é de cerca de 5 mil a cada 10 mil habitantes, e o tempo médio para pagar a CNH é de apenas dois meses.
Já em estados do Norte e Nordeste, como Maranhão, Piauí e Amazonas, a renda média é inferior a R$ 1.500, e o número de habilitados varia entre 1 mil e 2 mil por 10 mil habitantes, refletindo as barreiras econômicas para o acesso à habilitação.
No dia 1º de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou o projeto de lei que desobriga o uso de autoescolas para quem pretende tirar a CNH.
A medida tem como objetivo reduzir em até 80% o custo do processo, tornando o acesso mais democrático e acessível.
“Com o novo modelo, o cidadão terá liberdade de escolher onde e como fazer as aulas preparatórias, que poderão ser realizadas tanto nas autoescolas quanto em cursos teóricos gratuitos oferecidos pela Senatran. A parte prática poderá ser feita com instrutores autônomos credenciados pelos Detrans, sem obrigatoriedade de carga horária mínima”, explica nota do Governo Federal.
O projeto está aberto à consulta pública e qualquer cidadão, entidade ou representante do setor produtivo pode enviar sugestões até 2 de novembro, pela plataforma Participa + Brasil.
A Senatran reforça que a participação social é fundamental para ajustar o modelo às realidades regionais e garantir que o direito à habilitação seja mais acessível e seguro em todo o país.
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