Política / Justiça
Procuradoria da Câmara barra CPI da Santa Casa e alega falta de competência dos vereadores
Parecer jurídico impede investigação sobre déficit de R$ 256 milhões do maior hospital de Mato Grosso do Sul; Rafael Tavares afirma que vai recorrer
16/08/2025
09:00
DA REDAÇÃO
©ARQUIVO
A Procuradoria da Câmara Municipal de Campo Grande barrou a abertura da CPI da Santa Casa, alegando que os vereadores não têm competência para investigar a crise financeira do hospital, já que envolve recursos federais. O parecer jurídico foi apresentado após requerimento do vereador Rafael Tavares (PL), autor da proposta de instauração da comissão.
O pedido previa investigar a gestão da Santa Casa nos últimos cinco anos, período em que a unidade acumulou um déficit de R$ 256 milhões, além de atrasar salários de funcionários e solicitar R$ 25 milhões ao Governo do Estado.
O requerimento, apresentado ao presidente da Casa, Epaminondas Vicente Silva Neto, o Papy (PSDB), contou com assinaturas de 13 vereadores de diferentes partidos, entre eles:
André Salineiro (PL)
Ana Portela (PL)
Dr. Lívio (União Brasil)
Fábio Rocha (União Brasil)
Flávio Cabo Almi (PSDB)
Professor Juari (PSDB)
Jean Ferreira (PT)
Leinha (Avante)
Wilson Lands (Avante)
Junior Coringa (MDB)
Maicon Nogueira (PP)
Marquinhos Trad (PDT)
Neto Santos (Republicanos)
O parecer jurídico, no entanto, frustrou os planos da comissão e desobrigou o presidente Papy a instaurar a CPI.
Surpreendido pela decisão, Rafael Tavares lamentou a limitação do Legislativo municipal:
“Infelizmente, o vereador tem poucas ferramentas para fazer essas investigações. Se eu estivesse na Assembleia, como deputado, teríamos autonomia maior. As assinaturas necessárias a gente tem, mas não temos essa autonomia”, afirmou.
O parlamentar informou que vai consultar sua assessoria jurídica para verificar alternativas:
“Estamos tentando investigar a Santa Casa, mas o sistema, infelizmente, não está deixando.”
O déficit mensal da instituição chega a R$ 13 milhões, segundo o diretor de Negócios e Relações Institucionais, João Carlos Marchezan, em audiência pública realizada em maio.
A Santa Casa possui 744 leitos e responde por 40% das internações do Estado. Nos casos de alta complexidade, o índice chega a 62% em Mato Grosso do Sul e quase 70% em Campo Grande.
Marchezan também destacou a defasagem da tabela do SUS (Sistema Único de Saúde): só na alta complexidade, a produção mensal supera em R$ 214 mil o teto de repasses, valor que não é recebido.
Mesmo após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinar o pagamento de R$ 46 milhões pela Prefeitura à Santa Casa, os recursos continuam bloqueados no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS).
A prefeita Adriane Lopes (PP) resiste em liberar o montante, enquanto médicos alertam que a falta de insumos pode colocar pacientes em risco de morte.
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