Política Internacional
Lula quer falar com Trump sobre tarifaço, mas diálogo depende de disposição da Casa Branca
Presidente brasileiro está aberto à conversa direta, mas governo relata dificuldades de contato e reafirma que soberania nacional não será negociada
29/07/2025
08:00
DA REDAÇÃO
©REPRODUÇÃO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está disposto a conversar pessoalmente com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o tarifaço de 50% imposto a produtos brasileiros, mas segundo interlocutores do Palácio do Planalto, o diálogo só ocorrerá se Trump atender diretamente à ligação. Apesar do apelo de senadores brasileiros por uma conversa entre os dois líderes, o governo brasileiro vê o cenário com pessimismo.
Fontes do Planalto afirmam que os canais diplomáticos com a Casa Branca estão praticamente bloqueados. Mesmo com tentativas de interlocução via Departamento de Comércio, Tesouro e outras áreas da administração americana, o Brasil ainda não conseguiu estabelecer um contato político direto com o núcleo do governo Trump.
“A soberania não é negociável”, afirmou um auxiliar direto de Lula, que também citou a resistência do governo brasileiro a pressões sobre temas como o Supremo Tribunal Federal e o Pix, que, segundo rumores, estaria incomodando empresas americanas pela redução de lucros no setor financeiro.
O embate ganhou força no início de julho, quando Trump publicou uma carta endereçada a Lula, anunciando tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelos EUA. O republicano alegou razões políticas e comerciais, acusando o Brasil de manter um relacionamento "ruim" com os EUA e afirmando que a medida serve para pressionar países a abrirem seus mercados.
No último domingo (27), o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, confirmou que as tarifas entrarão em vigor no dia 1º de agosto, sem possibilidade de prorrogação.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, está nos Estados Unidos para compromissos na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Caso haja sinal de interesse do governo americano, ele poderá seguir para Washington, com o objetivo de abrir uma nova frente de negociação diplomática.
Segundo a TV Globo, Vieira já indicou que só seguirá para a capital americana se houver disposição concreta ao diálogo.
Segundo a Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio para o Brasil), cerca de 10 mil empresas brasileiras que exportam para os EUA podem ser impactadas com o aumento das tarifas, colocando em risco a empregabilidade de cerca de 3,2 milhões de pessoas no país.
Empresas norte-americanas com forte presença no Brasil, como General Motors, Johnson & Johnson e Caterpillar, também seriam prejudicadas, conforme destacou o vice-presidente Geraldo Alckmin.
“A Johnson & Johnson tem 90 anos no Brasil. A GM comemorou seu centenário aqui. Essas empresas também exportam e serão atingidas”, disse Alckmin.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a equipe econômica trabalha em um plano de contingência para apoiar os setores mais atingidos pela medida americana.
“Não vamos deixar ao desalento os trabalhadores brasileiros. Vamos tomar as medidas necessárias”, declarou Haddad.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Homem que abandonou corpo em mata alega surto e passa por avaliação psiquiátrica
Leia Mais
TCE-MS lança projeto para ajudar municípios a implementar a Lei Geral de Proteção de Dados
Leia Mais
Detran-MS encerra envio impresso de guias de licenciamento e digitalização será total a partir de agosto
Leia Mais
Prefeitura de Dourados acelera auditoria na Funsaud e promete diagnóstico completo em até três semanas
Municípios