Política / Economia Internacional
Alckmin cobra resposta dos EUA em carta oficial e lidera reação ao tarifaço de Trump
Brasil manifesta indignação com tarifas de 50% sobre exportações e busca negociação direta com autoridades americanas; soberania e impacto econômico são centro do debate
23/07/2025
20:15
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, enviou nesta terça-feira (15) uma carta oficial ao governo dos Estados Unidos, cobrando respostas sobre o tarifaço de 50% anunciado por Donald Trump contra as exportações brasileiras. O documento foi assinado em conjunto com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e endereçado ao secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e ao representante comercial, Jamieson Greer.
O texto expressa a “indignação” do governo brasileiro com a medida, classificada como unilateral, injusta e prejudicial à histórica parceria econômica entre Brasil e Estados Unidos. Alckmin também reiterou que o país segue disposto a dialogar e propôs áreas de negociação para “soluções mutuamente aceitáveis”.
O Brasil considera inaceitável a tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras aos EUA.
Destacou que a medida afeta negativamente setores-chave das duas economias, ameaçando uma parceria construída ao longo de 200 anos.
Informou que o Brasil já havia enviado uma minuta confidencial de proposta comercial em maio, sem resposta até o momento.
Reafirmou a disposição de dialogar com o objetivo de evitar danos comerciais.
Alertou para a urgência do tema e solicitou retorno imediato dos Estados Unidos à proposta brasileira.
Alckmin se reuniu com representantes da indústria, do agronegócio e de centrais sindicais para debater alternativas e estratégias de reação. Participaram da reunião nomes como:
Ricardo Alban (CNI)
André Passos (Abiquim)
Igor Calvet (Anfavea)
Sérgio Nobre (CUT)
Marcelo Carvalho (UGT)
Sérgio Luiz Leite (Força Sindical)
Tânia Zanella (OCB)
Abrão Neto (Amcham Brasil)
Entre outros representantes de setores de alimentos, software, transporte e energia.
Durante o encontro, ficou decidido que a estratégia brasileira será reverter as tarifas até o dia 31 de julho, sem pedir prorrogação do prazo. A articulação também envolve pressão diplomática e institucional via empresários com interlocução nos EUA.
No dia seguinte ao envio da carta, o Departamento de Comércio dos EUA anunciou investigação sobre o Brasil, alegando “práticas desleais” em áreas como:
Comércio digital
Serviços de pagamento eletrônico
Tarifas preferenciais
Proteção da propriedade intelectual
Meio ambiente e desmatamento
Acesso ao mercado de etanol
Em resposta, Alckmin se reuniu com os presidentes do Senado e da Câmara, Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB). Juntos, reafirmaram o compromisso com a defesa da soberania nacional e classificaram as acusações dos EUA como injustas e desproporcionais.
“Estamos unidos para defender a soberania nacional. O governo americano tem superávit com o Brasil e grande parte dos seus produtos entra sem tarifas. Essa medida é inadequada”, afirmou Alckmin.
O Brasil é o país mais afetado, com tarifa de 50% sobre exportações para os EUA.
Outros países atingidos: Canadá (35%), México (30%), UE (30%), Japão (25%), entre outros.
Se não houver acordo até 1º de agosto, o governo poderá acionar a Lei de Reciprocidade Econômica, recém-regulamentada por decreto do presidente Lula.
A lei prevê suspensão de concessões comerciais, investimentos e proteção de patentes em caso de medidas unilaterais contra o Brasil.
Foi criado um Comitê Interministerial de Contramedidas, com representação dos ministérios da Fazenda, Relações Exteriores, Indústria e Casa Civil.
Entre os principais produtos atingidos pelas tarifas de Trump estão:
Óleos brutos de petróleo
Ferro e aço
Celulose
Carne bovina
Suco de laranja
Café
Aeronaves e peças industriais
Cerca de 12% das exportações brasileiras têm os EUA como destino, o que pode gerar prejuízos bilionários se o tarifaço entrar em vigor.
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