Política / Justiça
PF aponta esquema milionário de compra de decisões no TJMS com envolvimento de magistrados, empresários e servidores
Relatório embasou prorrogação de afastamento de desembargadores e revela estrutura criminosa com favorecimentos judiciais e liberação irregular de valores
02/05/2025
09:30
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
Um relatório da Polícia Federal, encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), revelou a existência de um esquema estruturado de compra e venda de decisões judiciais no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS). A apuração aponta o envolvimento direto de empresários, advogados, desembargadores, juízes e servidores públicos, além de familiares de magistrados.
A investigação, que já resultou no afastamento cautelar de desembargadores, agora embasa pedidos de bloqueio de bens, abertura de novos inquéritos e quebra de sigilo bancário de diversos envolvidos. De acordo com a PF, o esquema teria movimentado mais de R$ 5 milhões em pagamentos de propinas, repassadas por meio de escritórios de advocacia e contas de parentes dos magistrados.
Diego Moya Jeronymo: empresário rural, sobrinho do conselheiro Osmar Jeronymo (TCE-MS), articulou posse irregular da Fazenda Paulicéia e contratou advogado para intermediar propinas.
Percival Henrique de Souza Fernandes: concedeu empréstimos à devedora Marta Martins e obteve decisões favoráveis com base em escritura suspeita.
Osmar Domingues Jeronymo: conselheiro do TCE-MS, usava influência para aproximar os empresários de magistrados do TJMS.
Danillo Moya Jeronymo: servidor do TJMS, primo de Diego, repassava informações sigilosas e orientava ações jurídicas.
Félix Jayme Nunes da Cunha: advogado contratado, intermediava o pagamento de propinas e produzia peças jurídicas para sustentar as fraudes.
Des. Vladimir Abreu da Silva: relator de agravo que favoreceu posse da fazenda a empresários, rejeitou produção de provas.
Des. Júlio Roberto Siqueira Cardoso: liberou mais de R$ 5 milhões à esposa de juiz, ignorando alertas de irregularidades.
Des. Alexandre Aguiar Bastos e Des. Sideni Soncini Pimentel: atuaram em votos para impedir anulação de escritura e barrar recursos da parte lesada.
A PF ainda revelou um esquema de liberação irregular de mais de R$ 5 milhões, envolvendo a advogada Emmanuelle Alves Ferreira da Silva, esposa do juiz Aldo Ferreira da Silva Júnior. Os valores foram desbloqueados com base em documentos considerados falsificados, com aval dos desembargadores Júlio Cardoso e Paulo Afonso de Oliveira.
Fábio Castro Leandro, filho do desembargador Paschoal Carmello Leandro, e
Rodrigo Gonçalves Pimentel, filho do desembargador Sideni Pimentel,
receberam transferências suspeitas associadas ao esquema.
Natacha Neves de Jonas Bastos: ex-assessora de desembargador, envolvida na negociação de sentenças.
Kelly Gaspar Duarte da Rosa: juíza estadual, mencionada em conversas sobre favorecimentos.
Existência de organização criminosa com divisão de funções entre núcleos empresariais, jurídicos e políticos;
Manipulação de processos judiciais, liberação de valores com documentos falsos e ocultação de recursos por terceiros;
Recomendação de responsabilização criminal, bloqueio de bens, medidas cautelares e novas investigações.
O STJ deverá decidir nos próximos meses sobre o aprofundamento da apuração contra os magistrados, empresários e servidores citados, incluindo a manutenção dos afastamentos e o indiciamento dos envolvidos.
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