Política / Justiça
Zanin prorroga afastamento de desembargadores do TJMS e conselheiro do TCE em reviravolta da Operação Última Ratio
Decisão foi publicada na noite desta terça (22), após retorno temporário dos magistrados aos cargos; investigação apura venda de sentenças e corrupção
22/04/2025
17:00
JCR
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
No apagar das luzes desta terça-feira (22), o ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu prorrogar por mais 180 dias o afastamento de quatro desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) e de um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS), todos investigados na Operação Última Ratio por suspeitas de corrupção, venda de sentenças, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
A decisão atinge os desembargadores Alexandre Bastos, Marcos José de Brito Rodrigues, Sideni Soncini Pimentel e Vladimir Abreu da Silva, além do conselheiro Osmar Domingues Jeronymo, que haviam retornado às funções no início da tarde, uma vez que o prazo de afastamento anterior – determinado pelo STJ em 24 de outubro de 2023 – havia vencido sem manifestação judicial.
O retorno durou poucas horas. A publicação da nova decisão por Zanin, no início da noite, reverteu a retomada dos cargos e deu novo fôlego à investigação que abalou as estruturas do Judiciário sul-mato-grossense.
O grupo foi inicialmente afastado por ordem do ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por um período de 180 dias. Durante o processo, todos chegaram a usar tornozeleira eletrônica, posteriormente removida por decisão do próprio Zanin.
Entre os investigados, o desembargador Sérgio Fernandes Martins, então presidente do TJMS, foi o único a reassumir as funções, após ter o afastamento suspenso pelo STF. A nova decisão reforça a gravidade das suspeitas e endossa a continuidade das investigações, agora sob o comando direto do Supremo.
A prorrogação sinaliza que o STF vê indícios robustos e necessidade de preservar a integridade das apurações, afirmam fontes do meio jurídico.
A Operação Última Ratio, deflagrada pela Polícia Federal, apura um suposto esquema de venda de decisões judiciais ligadas a disputas de terras e fazendas milionárias. Um dos investigados seria proprietário oculto de uma fazenda avaliada em R$ 70 milhões. Em outra frente, o desembargador Júlio Roberto Siqueira Cardoso teve R$ 2,7 milhões em dinheiro vivo encontrados durante buscas.
A investigação também alcança o juiz Paulo Afonso de Oliveira, da 2ª Vara Cível de Campo Grande, e Divoncir Schreiner Maran, já investigado na Operação Tiradentes, relacionada à fuga do narcotraficante Gerson Palermo.
O escândalo provocou mudanças profundas na cúpula do TJMS. O então presidente eleito, Sideni Pimentel, e o vice Vladimir Abreu foram impedidos de assumir seus cargos após a deflagração da operação. A eleição foi anulada e o desembargador Dorival Renato Pavan foi escolhido presidente da Corte, com Fernando Mauro Moreira Marinho como vice e Ruy Celso Barbosa Florence como corregedor-geral.
No Tribunal de Contas do Estado, o cenário é igualmente grave: quatro dos sete conselheiros estão afastados, incluindo Waldir Neves Barbosa, Ronaldo Chadid, Iran Coelho das Neves e agora Osmar Jeronymo, todos investigados por suposta venda de decisões e favorecimentos indevidos.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Agência Atômica da ONU convoca reunião de emergência nesta segunda após ataque dos EUA ao Irã
Leia Mais
Inscrições para estágio no TRT terminam nesta segunda-feira (23) em MS
Leia Mais
Esforço para resgatar brasileira que caiu em trilha de vulcão na Indonésia entra no 3º dia, diz Itamaraty
Leia Mais
Frente fria chega a MS com alerta de chuvas, ventos fortes e risco de geada nesta semana
Municípios