Integrantes da Liga Camponesa e Urbana do Brasil realizaram um protesto nesta segunda-feira (14), em frente à sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), em Campo Grande (MS), cobrando vistorias e demarcações de terras em diferentes municípios do estado. O grupo, formado por cerca de 100 pessoas, também ocupou a recepção do prédio, que abriga a superintendência regional do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar).

Reivindicação por vistorias e dignidade

De acordo com o camponês e liderança do movimento, José Paulo Libório, o principal foco do ato é a vistoria de uma área de aproximadamente 1.100 hectares, localizada na saída para Rochedinho, pela MS-010. A ação do Incra, prevista para ocorrer em 25 de março, ainda não foi realizada, segundo ele.

“São dezenas de famílias acampadas naquela região, sem água, sem condições mínimas de dignidade. Viemos cobrar uma posição do Incra”, afirmou Libório, mencionando o acampamento situado no km 13 da rodovia.

O grupo também exige definição sobre duas outras vistorias: uma em Sidrolândia, com cerca de 700 hectares de terras devolutas, e outra em Ribas do Rio Pardo, com cerca de 9 mil hectares.

Mobilização pacífica e apoio de entidades

Durante o ato, manifestantes entoaram palavras de ordem como “Incra sem reforma agrária não tem democracia” e “Lula, o povo te elegeu, cadê a terra que você prometeu?”, e organizaram uma refeição coletiva no estacionamento do prédio. A ação foi pacífica e contou com o apoio de sindicalistas e lideranças camponesas.

Segundo a participante Maria de Souza, 54 anos, o grupo deve permanecer no local até obter resposta formal do Incra e do MDA.

Nota do Incra: demandas acolhidas e compromissos firmados

Em nota encaminhada ao Jornal Midiamax, o Incra/MS reconheceu que a manifestação teve como foco a política de reforma agrária, com ênfase na verificação da função social de imóveis rurais, desapropriações, apoio à produção, acesso à educação e segurança alimentar.

O órgão afirmou ter acolhido as demandas junto com o MDA, prestado esclarecimentos e firmado compromisso de articulação junto a órgãos federais para garantir:

• Obtenção de imóveis rurais para assentamentos;

• Novo cadastramento de famílias ausentes em 2024 por justificativa;

• Mediação de ações de segurança nos acampamentos;

• Fomento à produção agrícola;

• Apoio à solicitação de cestas básicas junto ao MDS;

• Divulgação de oportunidades educacionais via Pronera.

Além disso, foi manifestado apoio às reivindicações dos servidores do Incra por melhorias salariais e direito à negociação coletiva.

Atualmente, a Liga Camponesa e Urbana do Brasil mantém quatro acampamentos em Mato Grosso do Sul, que abrigam cerca de 900 famílias nos municípios de Campo Grande, Terenos, Sidrolândia e Ribas do Rio Pardo.