POLÍCIA
Áudios revelam falha no atendimento à jornalista Vanessa Ricarte antes do feminicídio
Gravações indicam omissão de informações e possível negligência da delegacia especializada
14/02/2025
23:58
DA REDAÇÃO
©REPRODUÇÃO
Áudios gravados pela jornalista Vanessa Ricarte, assassinada pelo ex-noivo Caio Nascimento, revelam falhas no atendimento da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) em Campo Grande (MS). Os registros indicam que Vanessa não recusou escolta policial para retornar à sua residência, ao contrário do que foi declarado em coletiva após o crime.
Em um dos áudios enviados para uma amiga antes do crime, Vanessa relatou que esperava voltar para casa acompanhada da polícia, mas não recebeu apoio nem informações sobre o histórico criminal do agressor, que tinha mais de dez passagens por violência contra mulheres, incluindo sua própria mãe.
"Eu fui falar com a delegada e explicar toda a situação. Ela me tratou bem fria, seca, toda hora me cortava. Eu queria ver o histórico da pessoa e falou para mim que não podia passar. Ela disse que eu já sabia, pois ele mesmo havia contado."
Vanessa também destacou que estava há dois dias sem tomar banho e que, segundo o áudio, foi orientada apenas a mandar uma mensagem pedindo para que ele deixasse a casa, sem qualquer suporte adicional.
A jornalista lamentou o atendimento recebido e demonstrou preocupação com mulheres em situação de vulnerabilidade que buscam ajuda em delegacias.
"Eu, que tenho toda a instrução, escolaridade, fui tratada dessa maneira, imagina uma mulher vulnerável. Essas são as que vão para a estatística do feminicídio."
Diante da repercussão dos áudios, a Delegacia-Geral do Governo do Estado anunciou a abertura de sindicância para apurar a conduta da Deam e da Casa da Mulher Brasileira.
Além disso, o Ministério das Mulheres, liderado por Cida Gonçalves, emitiu nota oficial e enviou um ofício à Corregedoria da Polícia Civil de MS, solicitando uma investigação sobre o atendimento prestado. O órgão também acionou o Ministério Público para acompanhar o caso e tomar as providências necessárias.
O Ministério das Mulheres enviará uma equipe à capital sul-mato-grossense ainda neste final de semana para dialogar com representantes da rede de atendimento de combate à violência contra a mulher.
Na nota, a pasta reforçou que o percurso de Vanessa até sua residência deveria ter ocorrido com escolta da Patrulha Maria da Penha, conforme prevê o protocolo de avaliação de risco para mulheres em situação de violência.
"Nenhuma violência contra a mulher deve ser tolerada. O Ministério segue atuando para garantir a prevenção e o enfrentamento ao feminicídio por meio de investimentos em políticas públicas."
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