Campo Grande (MS), Terça-feira, 03 de Dezembro de 2024

GOLPE!

Empresa de investimentos aplica golpe milionário em investidores no sul de MS

Dupla prometia rendimentos de 6% ao mês e arrecadou ao menos R$ 5,3 milhões em Anaurilândia e Ivinhema. Esquema envolvia falsas garantias de terrenos e veículos de luxo para conquistar vítimas.

02/11/2024

11:41

CE

DA REDAÇÃO

©REPRODUÇÃO

A promessa de dinheiro fácil, com juros exorbitantes de 6% ao mês, levou vários moradores de Anaurilândia e Ivinhema, no sul de Mato Grosso do Sul, a um grande prejuízo financeiro. A empresa Valory Company, com sede em Palhoça (SC), é acusada de aplicar um golpe que arrecadou pelo menos R$ 5,3 milhões em investimentos que nunca retornaram. O caso está sob investigação, e as vítimas, algumas das quais perderam fortunas, agora tentam recuperar seus recursos por vias judiciais.

Como o golpe aconteceu

De acordo com uma série de boletins de ocorrência registrados na delegacia de Ivinhema, os investimentos começaram em outubro de 2023, quando a empresa Valory começou a operar na região. Até março de 2024, os investidores recebiam os rendimentos prometidos, e muitos até reaplicavam os lucros, acreditando no sucesso do esquema. No entanto, a partir de abril, os pagamentos foram subitamente interrompidos, e os sócios da Valory desapareceram, deixando um rastro de perdas milionárias.

As vítimas alegam ter sido atraídas pelas promessas de investimentos em ações nas bolsas de valores internacionais, que supostamente garantiriam os rendimentos elevados. Diferentemente das tradicionais pirâmides financeiras, a Valory oferecia garantias em forma de escrituras de terrenos em um loteamento em Anaurilândia. No entanto, essas garantias eram fraudulentas, com documentos que se revelaram sem valor.

O envolvimento de figuras locais

O esquema ganhou credibilidade graças a figuras conhecidas na região. Luiz Maziero, um médico renomado de Anaurilândia, e Francisco Sérgio Catarino, empresário local com uma incorporadora e uma imobiliária, foram fundamentais para convencer os investidores. Maziero, que investia desde 2017, assegurava aos interessados que o negócio era seguro e até afirmou ser sócio da Valory. Já Catarino oferecia terrenos de sua imobiliária como garantia, o que também se mostrou falso.

O comerciante Evanilson da Silva Castilho, uma das vítimas, relatou ter investido mais de um milhão de reais e entregue uma caminhonete avaliada em R$ 300 mil. Ele afirma que a confiança nas promessas de Maziero e Catarino levou muitos a aplicarem suas economias. “Eles diziam que o dinheiro estava seguro e que os rendimentos eram garantidos, mas depois tudo parou, e a verdade veio à tona”, desabafa Evanilson.

Juliano Peixoto da Silva, dono de uma ótica em Ivinhema que investiu R$ 100 mil, contou que Maziero incentivava outros investidores a se juntarem ao esquema e até oferecia bônus para quem trouxesse novos clientes, o que é característico de pirâmides financeiras. Juliano relatou ter recebido mensagens do médico pedindo que ele convidasse mais pessoas para investir.

Repercussão e defesa dos envolvidos

O médico Luiz Maziero, apontado como um dos principais influenciadores do esquema, se defendeu dizendo ser uma das maiores vítimas do golpe. Em declaração à polícia e em mensagens de WhatsApp, ele afirmou que também perdeu mais de um milhão de reais e alegou que seu nome foi usado indevidamente pela Valory. “Sou a vítima com maiores prejuízos. Além de perder o dinheiro, meu nome foi usado, o que me causou ainda mais danos. Não fiz parte da administração do negócio; apenas investi como os demais”, declarou Maziero.

Apesar dessa defesa, os boletins de ocorrência mencionam que o médico recebia comissões por cada novo investidor que atraía, algo que as vítimas consideram uma evidência de seu envolvimento direto.

Ostentação e fuga dos golpistas

Os supostos líderes da Valory, Murilo Coelho de Souza Filho e Elisvaldo Rodrigues dos Santos, ostentavam um estilo de vida luxuoso para conquistar a confiança das vítimas. Eles apareciam em Anaurilândia e Ivinhema dirigindo veículos de alto padrão, como um Jaguar e uma Dodge Ram, e mostravam nas redes sociais imagens de casas em condomínios de luxo, passeios de helicóptero e viagens internacionais. O objetivo era reforçar a ideia de que o dinheiro investido na bolsa de valores estava rendendo para eles.

Murilo, que se apresenta como economista, chegou a postar no Instagram um vídeo dentro de um carro de luxo, alegando ter desenvolvido uma fórmula de investimento com uso de inteligência artificial, prometendo rendimentos de 7,11% ao mês. Essas postagens, segundo as vítimas, eram parte do golpe para atrair mais investidores.

Elisvaldo desapareceu das redes sociais assim que as cobranças começaram, e desde então não foi mais visto em Ivinhema ou Anaurilândia. A polícia ainda investiga se a dupla está atuando em outra região do Brasil, e acredita-se que eles possam estar buscando novas vítimas.

Tentativa de recuperação dos bens

Muitos dos investidores entregaram veículos como parte do investimento, mas esses carros foram transferidos para o nome de Yan Ariel Ferreira de Souza, filho de Murilo, o que complica a recuperação dos bens. Com os boletins de ocorrência registrados recentemente, a polícia ainda não obteve mandados de busca e apreensão, mas está empenhada em rastrear os veículos e outros ativos.

As investigações ainda estão no início, mas as autoridades esperam desmantelar o esquema e responsabilizar os envolvidos. Enquanto isso, as vítimas aguardam ansiosamente por uma solução que lhes permita recuperar parte das perdas milionárias.


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