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Cantor Leonardo paga indenização a trabalhadores resgatados em fazenda de Goiás

Emival Eterno da Costa chegou a ser incluído na "lista suja" do governo federal

10/10/2024

21:43

AE

DA REDAÇÃO

©ARQUIVO

O cantor Leonardo, cujo nome civil é Emival Eterno da Costa, pagou R$ 225 mil em indenizações a seis trabalhadores, incluindo um adolescente, que foram resgatados em condições consideradas degradantes em uma fazenda arrendada pelo artista, no município de Jussara, em Goiás, em novembro de 2023. A operação de resgate foi conduzida pelo Ministério do Trabalho e Emprego e outras instituições, e a informação do pagamento foi confirmada nesta quinta-feira (10) pela Defensoria Pública da União (DPU).

O nome do cantor foi incluído na segunda-feira (7) na “lista suja” do governo federal, que relaciona empregadores que submetem trabalhadores a condições análogas à escravidão. Leonardo, por sua vez, defendeu-se por meio das redes sociais, argumentando que a área sob fiscalização estava arrendada a terceiros e que ele não tinha responsabilidade direta sobre as condições de trabalho. Em um vídeo, ele afirmou que considera sua inclusão na lista "um equívoco".

Condições precárias e resgate dos trabalhadores

Os trabalhadores foram encontrados em alojamentos precários, sem água potável, banheiros, e dormindo em camas improvisadas com caixotes de madeira. Relatos da força-tarefa mencionam a presença de morcegos e outros animais nocivos, como escorpiões e cobras no local. A operação de fiscalização envolveu a DPU, o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Ministério do Trabalho e Emprego, a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Federal.

De acordo com a DPU, os trabalhadores, que atuavam na limpeza de terrenos para o cultivo de soja na Fazenda Lakanka, estavam vinculados à Fazenda Talismã, propriedade de Leonardo. A Fazenda Talismã, com cerca de mil hectares, é conhecida por suas atividades de pecuária bovina e, em setembro de 2023, contava com aproximadamente 5 mil cabeças de gado, segundo divulgação do próprio cantor.

Termo de Ajustamento de Conduta e indenizações

Após a operação, foi firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre a DPU, o MPT e o cantor, no qual Leonardo se comprometeu a regularizar as verbas rescisórias dos trabalhadores e a pagar indenizações por danos morais individuais. O valor foi fixado em R$ 35 mil para cada trabalhador, enquanto o adolescente resgatado recebeu R$ 50 mil.

O cantor também assumiu a responsabilidade pelo registro formal dos trabalhadores em seu nome, o que levou à sua inclusão na "lista suja" do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O TAC inclui ainda medidas preventivas para garantir condições dignas de trabalho nas propriedades, com a previsão de multas caso as obrigações não sejam cumpridas.

Defesa do cantor

Em um vídeo publicado nas redes sociais, Leonardo explicou que a fazenda foi arrendada para terceiros em 2022, com a liberdade para plantio de soja, milho e outras culturas. Ele destacou que não acompanhava o que acontecia na área arrendada e que foi surpreendido pela visita do Ministério Público do Trabalho. Segundo o cantor, uma multa foi lavrada em seu nome devido à sua condição de proprietário da fazenda, mas ele afirmou que “acertou tudo” com as autoridades.

Leonardo defendeu sua idoneidade, afirmando que há um “equívoco muito grande” sobre sua imagem. “O Brasil inteiro me conhece, sabe a pessoa que eu sou. Eu não me misturo nessa lista de trabalho escravo. Eu sou totalmente contra esse tipo de coisa e vou ser sempre contra isso”, declarou.

Medidas para evitar novos casos

A DPU informou que, além do TAC firmado com Leonardo, foi estabelecido um termo similar com os arrendatários da Fazenda Lakanka, com as mesmas obrigações para assegurar o respeito aos direitos trabalhistas. O objetivo é evitar a repetição de práticas trabalhistas ilegais e garantir a dignidade dos trabalhadores.

A inclusão de Leonardo na “lista suja” tem impacto direto na sua reputação e na gestão de suas propriedades. O caso também chama a atenção para a responsabilidade de arrendatários e proprietários em relação às condições de trabalho nas áreas sob sua gestão, reforçando a necessidade de vigilância e responsabilidade na administração rural.


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