Brasil / Economia
Copom mantém taxa Selic em 15% ao ano, dentro do esperado pelo mercado
Decisão reflete cautela do Banco Central diante da persistência da inflação e das incertezas fiscais e geopolíticas
05/11/2025
17:15
DA REDAÇÃO
SEM SURPRESAS Colegiado do Copom: diretores do Banco Central mantêm a taxa Selic em 15% (Raphael Ribeiro/Banco Central/Divulgação)
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, por unanimidade, manter a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, em reunião realizada nesta quarta-feira (5). A decisão já era amplamente esperada por economistas e analistas do mercado financeiro, que previam a manutenção dos juros no atual patamar diante do cenário de incertezas internas e externas.
No comunicado oficial, o BC justificou que a medida “é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante” e que, ao mesmo tempo, busca suavizar as flutuações da atividade econômica e fomentar o pleno emprego.
“O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê avalia que a estratégia de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”, destacou o texto.
O Copom também reiterou que poderá voltar a subir os juros caso haja nova pressão inflacionária, afirmando que “seguirá vigilante” e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste se julgar apropriado.
A Selic está em 15% desde 18 de junho, quando o colegiado decidiu por um aumento de 0,25 ponto percentual. Desde então, nas reuniões de julho e setembro, o BC manteve o patamar, reforçando a estratégia de política monetária restritiva.
A decisão reflete preocupações com a resistência das projeções de inflação, o desequilíbrio fiscal e o ambiente geopolítico global. Segundo o último Boletim Focus, o mercado projeta inflação de 4,55% em 2025, 4,20% em 2026 e 3,80% em 2027 — todas acima do centro da meta de 3%, mas dentro da margem de tolerância.
A manutenção da Selic em nível elevado tem sido alvo de críticas do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça (4) que, se fosse diretor do BC, votaria pela redução da taxa.
“Respeito institucionalmente o Banco Central e seus diretores, mas acho que o debate sobre juros virou um tabu no Brasil. É um direito e uma obrigação emitir opinião sobre isso”, declarou Haddad.
O novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicado por Lula, enfrenta o desafio de equilibrar o discurso de responsabilidade fiscal com a pressão política por crescimento. Galípolo, ex-secretário-executivo de Haddad, tem buscado preservar a credibilidade da autoridade monetária junto ao mercado, sem romper o diálogo com o Planalto.
Apesar da melhora nas expectativas inflacionárias em 2025, o Copom sinaliza que a política monetária deve continuar restritiva por um período prolongado. Especialistas avaliam que um corte na Selic só deve ocorrer em 2026, caso o governo consiga reduzir o déficit primário e estabilizar a dívida pública.
Segundo analistas, o BC monitora de perto:
A trajetória da inflação de serviços, ainda pressionada pelo mercado de trabalho aquecido;
O risco fiscal, diante de aumento de gastos públicos e renúncias tributárias;
E o cenário internacional, com juros altos em economias avançadas e tensões no Oriente Médio.
Resumo da decisão do Copom (novembro de 2025):
Taxa Selic: mantida em 15% ao ano
Votação: unânime
Meta de inflação: 3% (com teto de 4,5%)
Risco fiscal e geopolítico: principais fatores de cautela
Expectativas de mercado: IPCA de 4,55% em 2025 e 4,20% em 2026
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