Política Internacional
BRICS reagem à ameaça de tarifas de Trump e criticam uso de coerção econômica
China, Rússia, África do Sul e Malásia condenam proposta do presidente dos EUA de taxar países alinhados ao bloco; Brasil ainda não se manifestou oficialmente
07/07/2025
12:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 10% a partir de 1º de agosto sobre países considerados “alinhados à política antiamericana dos BRICS”, provocou forte reação de membros e parceiros do bloco. China, Rússia, África do Sul e Malásia se pronunciaram em defesa da cooperação multilateral e criticaram o uso de tarifas como instrumento de coerção econômica.
A declaração de Trump foi feita horas após o encerramento da cúpula dos BRICS no Rio de Janeiro, que reforçou o compromisso com o uso de moedas locais nas transações comerciais e criticou barreiras comerciais impostas por grandes potências. Trump não especificou quais ações dos BRICS considera “antiamericanas”, mas desde sua reeleição em 2024 tem feito ataques ao bloco, especialmente à proposta de reduzir a dependência do dólar.
“O BRICS nunca foi e nunca será direcionado contra quaisquer terceiros países”, afirmou Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin. “O grupo compartilha abordagens comuns de cooperação baseadas nos próprios interesses.”
Em tom firme, o Ministério das Relações Exteriores da China declarou oposição ao uso de tarifas como forma de pressão:
“A coerção econômica prejudica todas as partes. O uso de tarifas não beneficia ninguém”, disse a porta-voz Mao Ning, em coletiva de imprensa.
A África do Sul adotou uma abordagem diplomática. O porta-voz do Ministério do Comércio, Kaamil Alli, afirmou que o país “não é antiamericano” e segue comprometido com as negociações com os EUA:
“Nossas conversas comerciais com Washington continuam construtivas e frutíferas.”
O presidente Cyril Ramaphosa reforçou o posicionamento:
“Os BRICS não competem com outras potências. Blocos globais devem ser vistos como complementares.”
A Malásia, admitida como parceira do BRICS em 2024, também se manifestou oficialmente. Em nota, o Ministério do Comércio destacou que o país mantém uma política externa independente e voltada à facilitação do comércio, rejeitando alinhamentos ideológicos.
O governo brasileiro ainda não se pronunciou oficialmente. Internamente, há expectativa de avanços em acordos comerciais com os EUA até o prazo final estipulado por Trump: 9 de julho. O Palácio do Planalto acompanha o desenrolar diplomático com cautela.
Em outro movimento que repercutiu no Brasil, Trump publicou em sua rede Truth Social uma defesa enfática do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alvo de investigações no país.
“O Brasil está fazendo uma coisa terrível com Bolsonaro. Deixem ele em paz”, escreveu Trump, classificando os processos judiciais como “perseguição”.
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