Campo Grande (MS), Terça-feira, 17 de Junho de 2025

Política / Justiça

Investigação revela como Claudinho Serra articulou sua ascensão política em MS

Gaeco aponta esquema de fraudes, enriquecimento acelerado e influência na Prefeitura de Sidrolândia

16/06/2025

19:15

DA REDAÇÃO

©DIVULGAÇÃO

As investigações conduzidas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), expuseram um robusto esquema que teria viabilizado a rápida ascensão política e financeira do ex-vereador e ex-secretário Claudinho Serra (PSDB).

Segundo o MP, Claudinho integrava um grupo criminoso que atuava na Prefeitura de Sidrolândia, antes mesmo de ser nomeado para o cargo de secretário de Finanças, função que assumiu na gestão da própria sogra, a prefeita Vanda Camilo (PP).

Crescimento patrimonial acima de 100% em um ano

Os dados levantados apontam um salto expressivo na evolução patrimonial de Claudinho em curto espaço de tempo:

  • 🔹 De 2021 para 2022, sua renda declarada aumentou 141,19%, saindo de R$ 439 mil para R$ 750 mil.

  • 🔹 Antes disso, em 2021, o salto já havia sido de 38%, subindo de R$ 87 mil para R$ 311 mil.

Esses valores são considerados incompatíveis com os salários oficiais dos cargos ocupados por ele no período.

Como funcionava o esquema

Interceptações telefônicas e mensagens apreendidas pela operação Tromper (4ª fase) revelam que a nomeação de Claudinho para a Secretaria de Finanças foi planejada como peça estratégica do esquema.

Apenas 13 dias após sua posse, em 15 de março de 2022, o empresário Ueverton da Silva Macedo, apontado como operador do grupo, realizou uma sequência de transferências via PIX:

  • 💸 R$ 20 mil diretamente para Carmo Name, assessor e braço direito de Claudinho;

  • 💸 Mais R$ 15 mil, usando a conta da própria esposa;

  • 💸 E outros R$ 15 mil, vindos de uma terceira conta.

Ueverton exercia influência sobre empresas que participavam de licitações em Sidrolândia, operando para beneficiar o núcleo empresarial alinhado ao grupo criminoso.

Trajetória política articulada

A investigação mostra que a ascensão de Claudinho não foi mero acaso:

  • 🔸 2020: Candidatou-se a vereador em Campo Grande, ficando como suplente;

  • 🔸 2021: Foi nomeado diretor-presidente da Funesp (Fundação Municipal de Esportes), na capital;

  • 🔸 Logo depois, assumiu o cargo de secretário de Finanças de Sidrolândia, nomeado pela sogra;

  • 🔸 Em 2023, assumiu como vereador na Câmara Municipal de Campo Grande, na vaga deixada por João Rocha (PSDB);

  • 🔸 No ano seguinte, tornou-se vereador titular após a renúncia de Ademir Santana, que assumiu uma função na campanha do deputado federal Beto Pereira.

Operação Tromper e prisões

Em 5 de junho de 2025, Claudinho foi novamente alvo da Operação Tromper - 4ª fase, que cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão. Ele já estava sob medidas cautelares, mas foi apontado como chefe do grupo criminoso, que atuava na Prefeitura desde 2017.

O MP destacou que Serra autorizava licitações, compartilhava informações privilegiadas e controlava a distribuição de contratos públicos.

Inconsistências financeiras e bloqueios burlados

Mesmo com ordem judicial para bloqueio de seus bens, foram detectadas movimentações suspeitas:

  • 🔻 Em 9 de maio de 2024, sua conta registrava apenas R$ 410,62, valor incompatível com seu salário de R$ 18 mil mensais e seu padrão de vida.

  • 🛍️ Despesas como festas, parcelas de imóveis, e compras de alto valor foram pagas por terceiros, sobretudo por Carmo Name, assessor pessoal de Claudinho.

Próximos passos na investigação

O Ministério Público segue aprofundando as apurações, que podem gerar novos desdobramentos e atingir outros agentes públicos e empresários ligados ao esquema. Claudinho Serra segue sob investigação por organização criminosa, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e fraudes em licitações.


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