POLÍCIA
PF investiga transações financeiras e cita Gusttavo Lima em operação contra lavagem de dinheiro do PCC
Cantor sertanejo nega irregularidades e afirma que negociação envolveu compra legal de aeronave
14/03/2025
07:15
OESP
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A Polícia Federal (PF) identificou movimentações financeiras suspeitas que podem estar ligadas a um esquema de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). Durante as investigações da Operação Mafiusi, os federais analisaram um complexo sistema de transações bancárias envolvendo empresas de fachada e suspeitos de integrar um sistema financeiro paralelo do crime organizado. Entre os nomes mencionados no relatório da PF estão o cantor sertanejo Gusttavo Lima, o pastor Valdemiro Santiago e o bicheiro Adilson Oliveira Coutinho Filho (Adilsinho).
Embora os citados não estejam indiciados até o momento, a Polícia Federal pretende chamá-los para prestar esclarecimentos.
A Operação Mafiusi foi deflagrada para investigar uma rede de tráfico internacional de drogas ligada ao PCC e à máfia italiana. Agora, as apurações se concentram no rastreamento do dinheiro ilícito, que seria movimentado por meio de empresas de fachada e contas de terceiros.
Um dos principais investigados é o empresário Willian Barile Agati, apontado como responsável pela manutenção das transações financeiras da facção criminosa. Apelidado de “concierge do PCC”, ele está preso desde janeiro. Seu advogado nega qualquer envolvimento com atividades ilícitas e sustenta que Agati é um empresário legítimo.
O relatório da PF destaca que empresas do grupo Starway, localizadas em São Caetano do Sul (SP), movimentaram R$ 454,3 milhões entre 2020 e 2023, com suspeitas de serem empresas de fachada. A investigação chegou até Maribel Golin, empresária que teria conexões com Agati e que aparece como representante legal de companhias envolvidas em movimentações milionárias.
Ao analisar as 35 maiores pessoas jurídicas e físicas ligadas ao esquema, a PF encontrou transações de R$ 57,5 milhões entre a Balada Eventos e Produções Ltda., empresa que administra a carreira de Gusttavo Lima, e a JBT Empreendimentos, uma das firmas ligadas à empresária Maribel Golin.
Os investigadores apontam que não há escrituras públicas, documentos ou notas fiscais que justifiquem os valores transferidos, e que as transações não condizem com padrões usuais de pagamento de cachês ou atividades comerciais lícitas.
Além do cantor, a investigação também encontrou indícios de que dinheiro movimentado pela igreja de Valdemiro Santiago teria sido utilizado no esquema, incluindo a posse de aviões do pastor, que estavam sob responsabilidade de Agati devido a dívidas fiscais.
Por meio de nota, a Balada Eventos declarou que a única transação realizada com a JBT Empreendimentos ocorreu em junho de 2022, envolvendo a compra de uma aeronave. A empresa reforçou que a operação foi feita de forma legal, com contrato formal e registro na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
O cantor também negou qualquer relação com Willian Barile Agati, afirmando que a transação deve ser esclarecida pela família Golin, responsável pela JBT Empreendimentos.
Já o advogado da empresária Maribel Golin declarou que ela não possui relação próxima com Agati e que suas transações financeiras são legítimas e foram reconhecidas como lícitas pela Justiça de Curitiba.
A 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, responsável pelo caso, deve intimar os citados a prestarem depoimento nos próximos dias. A PF segue analisando os fluxos financeiros das empresas envolvidas e pode aprofundar as investigações para determinar se houve de fato a prática de lavagem de dinheiro.
Enquanto isso, a defesa de todos os envolvidos nega irregularidades, alegando que os valores movimentados têm origem lícita. O caso continua em investigação e pode ter novos desdobramentos nos próximos meses.
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