ECONOMIA
Reforma tributária zera impostos sobre cesta básica, mas preços podem ser influenciados por outros fatores
Isenção de tributos em alimentos essenciais é marco na reforma, mas sazonalidade e custos de produção ainda podem impactar preços no mercado
18/01/2025
12:00
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
A aprovação da reforma tributária, sancionada na última quinta-feira (16) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), trouxe mudanças significativas no sistema de cobrança de impostos no Brasil. Uma das principais promessas é a isenção de tributos para produtos da cesta básica, como arroz, feijão, carnes, leite e pães. No entanto, especialistas alertam que fatores externos ao sistema tributário, como sazonalidade, custos de produção e condições climáticas, podem continuar a afetar os preços finais desses produtos, mesmo com a alíquota zero.
A reforma tributária propõe substituir diversos tributos existentes, como PIS, Cofins, ICMS, IPI e ISS, por três novos impostos: o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e o IS (Imposto Seletivo). A implementação será gradual, com testes a partir de 2026 e conclusão prevista para 2033. A criação do IVA (Imposto sobre Valor Agregado) unificará a cobrança de impostos sobre bens e serviços, tornando o sistema tributário mais transparente.
A isenção de impostos sobre alimentos essenciais como parte dessa reforma é uma medida aguardada há tempos. Na média, os tributos sobre alimentos representavam cerca de 22% do valor da cesta básica. Com a nova isenção, espera-se um alívio para as famílias, principalmente as de maior vulnerabilidade social. Contudo, especialistas destacam que a redução de preços depende de outros fatores além da tributação.
O economista Eugênio Pavão explicou que, embora os produtos da cesta básica estejam isentos de impostos, os custos de produção ainda são determinantes na formação dos preços. Em entrevista, ele afirmou:
“Os preços dos produtos nacionais ainda podem variar mesmo com a alíquota zero. Se houver problemas na oferta de produção, como intempéries climáticas ou sazonalidade, os custos de insumos e de produção podem subir, impactando o preço final. O tributo não será cobrado, mas esses outros fatores permanecem influentes.”
Além disso, o advogado tributarista David Andrade Silva reforçou que a dinâmica de oferta e demanda, preços dos insumos agropecuários (muitos dos quais atrelados ao dólar), mão de obra, tecnologia e condições climáticas continuarão a influenciar o mercado de alimentos.
Pavão também acredita que a isenção tributária deverá influenciar o setor de alimentação fora de casa. “O preço das refeições tradicionais – compostas por arroz, feijão, proteína e salada – pode ser reduzido à medida que os custos dos insumos caírem. No entanto, é importante observar como os restaurantes irão ajustar suas estratégias para manter a lucratividade diante dessa mudança”, acrescentou.
Outra novidade da reforma é o Imposto Seletivo (IS), que incide sobre produtos considerados prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, como bebidas alcoólicas, refrigerantes, cigarros, veículos e embarcações. Esse imposto deve, em tese, encarecer esses itens para desestimular seu consumo. Pavão observou que, devido à elasticidade-preço desses produtos, o consumo pode se manter estável em alguns casos, mas o impacto financeiro será sentido pelos consumidores.
A transição para o novo modelo tributário será gradual, com efeitos iniciais começando a ser percebidos em 2026. A reforma é ampla, abrangendo toda a cadeia produtiva, e seus efeitos completos só poderão ser mensurados ao final da transição, em 2033. Enquanto isso, a expectativa é de que um sistema mais simples e eficiente alivie o peso dos tributos sobre os alimentos básicos, reduzindo desigualdades no acesso à alimentação.
Para Eugênio Pavão, apesar das incertezas, a reforma tributária tem o potencial de promover um sistema mais justo e transparente, beneficiando a população ao longo do tempo. Contudo, ele reitera que outros elementos do mercado, como a sazonalidade e os custos de produção, continuarão a desempenhar um papel fundamental na determinação dos preços finais dos produtos, podendo moderar os efeitos imediatos da isenção tributária.
Os comentários abaixo são opiniões de leitores e não representam a opinião deste veículo.
Leia Também
Leia Mais
Prédios abandonados no Jardim Santa Luzia serão revitalizados para geração de empregos
Leia Mais
Bataguassu realiza primeiro mutirão da saúde e atende mais de 850 pessoas
Leia Mais
Município de Bataguassu receberá R$ 408 mil na segunda parcela do FPM de Janeiro
Leia Mais
Feirão de Emprego da Eldorado Brasil em Três Lagoas atrai mais de 250 vagas
Municípios