POLÍTICA
Lula defende taxação de super-ricos e reforma de instituições globais na Cúpula do G20
Presidente brasileiro aponta desigualdade global como obstáculo ao desenvolvimento e pede mudanças nas políticas financeiras internacionais.
18/11/2024
18:35
NAOM
DA REDAÇÃO
©DIVULGAÇÃO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou, nesta segunda-feira (18), a necessidade de reformar as instituições globais e rever regras financeiras que penalizam desproporcionalmente os países em desenvolvimento. Durante a abertura da segunda sessão da Cúpula de Líderes do G20, que debate a governança global, Lula reforçou a proposta brasileira de taxação dos super-ricos como uma solução para enfrentar a desigualdade.
Lula citou estimativas do Ministério da Fazenda, que apontam que uma taxação de 2% sobre o patrimônio dos indivíduos mais ricos do mundo poderia arrecadar US$ 250 bilhões anuais. Esses recursos seriam destinados ao combate à desigualdade e ao financiamento da transição ecológica.
“O serviço da dívida externa de países africanos é maior que os recursos de que eles dispõem para financiar infraestrutura, saúde e educação. É urgente corrigir essas disparidades”, afirmou o presidente.
Lula criticou as decisões tomadas durante a crise financeira de 2008, que priorizaram o socorro ao setor privado em detrimento do fortalecimento dos Estados. Para ele, a ausência de medidas voltadas à redução das desigualdades agravou os problemas globais.
“Optou-se por ajudar bancos em vez de pessoas, economias centrais em vez de países em desenvolvimento. O mundo voltou a crescer, mas a riqueza não chegou aos mais necessitados. Isso fomenta o ódio, o extremismo e ameaça a democracia.”
Lula também alertou sobre os riscos da inteligência artificial para a governança global e pediu que as reformas nas instituições internacionais contemplem esse desafio. Ele encerrou o discurso citando um trecho do poema "Congresso Internacional do Medo", de Carlos Drummond de Andrade, para reforçar a importância do diálogo e da cooperação.
“Para evitar que o título desse poema volte a descrever a governança global, não podemos deixar que o medo de dialogar triunfe.”
A proposta brasileira está sendo debatida pelos presidentes e primeiros-ministros do G20, além do ministro das Relações Exteriores da Rússia, que substitui o presidente Vladimir Putin. A sessão, prevista para começar às 14h30, iniciou-se às 16h10, com transmissão apenas do discurso de Lula.
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