Campo Grande (MS), Segunda-feira, 04 de Novembro de 2024

INTERIOR

Vereador eleito, segundo mais votado, denuncia adversário por homofobia em Dourados

Franklin Schmalz, primeiro vereador abertamente homossexual eleito na cidade, relata ataques após obter expressiva votação nas eleições de 2024

10/10/2024

12:42

CGN

DA REDAÇÃO

Franklin Schmalz mostra boletim de ocorrência em frente à delegacia, em Dourados (Foto: Divulgação)

Eleito no último domingo (6) com 2.452 votos, Franklin Schmalz (PT), o primeiro vereador abertamente homossexual a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de Dourados, no interior de Mato Grosso do Sul, registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil para denunciar crime de homofobia. A denúncia é contra Bersony de Lima Oliveira, de 46 anos, motorista de ônibus e candidato a vereador pelo Republicanos, que obteve 50 votos na mesma eleição.

Ataques nas redes sociais e denúncia

Segundo a denúncia apresentada por Franklin, Bersony utilizou seu status no WhatsApp para compartilhar uma foto antiga do vereador eleito, acompanhada da frase “os veados enrustidos de Dourados compareceram em peso pra votar”. O conteúdo ofensivo circulou rapidamente em grupos de aplicativos de mensagem, gerando repercussão na cidade.

Franklin afirmou que, além de atacar a sua orientação sexual, Bersony também direcionou ofensas contra a vereadora eleita mais votada em Dourados, Isa Jane Marcondes, do mesmo partido de Bersony, que recebeu 2.992 votos. Isa, conhecida por ser proprietária de um bordel de luxo na cidade, fez campanha com o slogan “a dona da zona”.

Além da denúncia contra Bersony, a assessoria de Franklin informou que outros ataques têm sido direcionados contra o vereador eleito por diversos indivíduos, incluindo ex-candidatos que não foram bem-sucedidos nas eleições. Esses novos conteúdos serão anexados à denúncia para subsidiar uma representação criminal.

“Não vamos nos abalar com o ódio”

Franklin Schmalz criticou duramente os ataques de homofobia e ressaltou que, apesar de serem comuns em sua trajetória, os atuais demonstram a dificuldade de seus adversários em aceitar que um jovem, LGBT e de esquerda tenha obtido uma votação expressiva, superando políticos tradicionais de Dourados. “Minha trajetória é marcada pela resistência e pela superação, o povo reconheceu nossa campanha como projeto capaz de trazer perspectiva de mudança para Dourados. A população douradense nos confiou um mandato e não vamos nos abalar com o ódio de adversários que não tiveram expressividade eleitoral e agora estão ressentidos”, declarou Franklin.

Essa não é a primeira vez que Franklin enfrenta ataques e discursos de ódio nas redes sociais. Em 2022, quando se candidatou a deputado federal, o político também precisou registrar queixas contra perfis que promoviam ofensas e homofobia, incluindo ameaças de agressão e até de morte.

Homofobia é crime no Brasil

A LGBTfobia é considerada crime no Brasil desde 2019, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou a discriminação contra pessoas LGBT+ aos crimes de racismo, previstos na Lei nº 7.716/89. As penas para atos de homofobia e transfobia podem incluir reclusão e pagamento de multas. A legislação tem sido um instrumento importante na luta contra o preconceito e na busca por justiça em casos como o de Franklin.

Trajetória de luta e militância

Franklin Schmalz da Rosa, de 29 anos, é natural do Rio Grande do Sul e mudou-se para Dourados em 2013 para estudar Relações Internacionais na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Formado em 2018, concluiu o mestrado em Sociologia em 2020.

Ao longo de sua trajetória, Franklin se destacou por sua atuação em movimentos sociais e na defesa dos direitos da juventude e da comunidade LGBT+. Foi presidente do grêmio estudantil, atuou na Pastoral da Juventude, e participou de protestos contra as políticas dos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro. Além disso, presidiu o Conselho Municipal da Juventude de Dourados e foi organizador da Parada LGBT+ em 2019 e 2020.

Durante a pandemia de COVID-19, Franklin coordenou o Comitê de Defesa Popular e atuou em projetos de defesa dos parques e áreas verdes de Dourados. Com o projeto “Muda Dourados”, ele já plantou e doou pelo menos 500 mudas de árvores nativas e frutíferas na área urbana e em comunidades indígenas do município.

Repercussão e busca por justiça

O caso de homofobia enfrentado por Franklin gerou repercussão nas redes sociais e levantou debates sobre a aceitação e representatividade LGBT+ na política local. O vereador eleito conta com o apoio de movimentos sociais e da comunidade LGBT+ na busca por justiça e pela garantia de seus direitos.

“Estamos prontos para enfrentar esse desafio e continuar representando a população de Dourados com dignidade, enfrentando qualquer tipo de preconceito e discriminação”, declarou Franklin, reafirmando seu compromisso com a luta por igualdade e justiça.


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