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Por que a fé deve ser cega?
08/06/2025
07:15
WILSON AQUINO
WILSON AQUINO*
A maioria dos problemas que enfrentamos ao longo da jornada – sejam eles econômicos, sociais, profissionais, emocionais ou espirituais – decorre da ausência de confiança genuína em Deus. Cristo foi claro ao declarar: “Peçam, e será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta será aberta. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e àquele que bate, a porta será aberta” (Mateus 7:7-8). Essa promessa, eterna e imutável, continua válida em nossos dias – mas, para recebê-la, é preciso ter fé. Uma fé firme, crescente, inabalável.
As Escrituras alertam que nos últimos dias os corações se esfriariam (Mateus 24:12). Veríamos o aumento do egoísmo, da indiferença, da incredulidade. E de fato, vivemos tempos em que muitos têm abandonado sua fé diante das lutas da vida. Basta uma perda, uma decepção, uma doença, uma crise, e o coração de alguns logo se desvia do caminho da luz. Quantos deixaram de crer porque oraram por algo que não veio da forma esperada? Ou porque não entenderam os propósitos divinos por trás das provações?
O Élder Jeffrey R. Holland, membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos do Últimos Dias ensinou: “O próprio fato de que você tem fé é um testemunho poderoso de que Deus está com você. Fé é para aqueles momentos em que não há garantias. É quando seguimos em frente confiando que o Senhor honrará Seus convênios conosco.” Essa é a essência da verdadeira fé: confiar no Senhor mesmo quando os céus parecem silenciosos e a tempestade não cessa.
No entanto, é justamente nesses momentos que a verdadeira fé se revela. O Senhor nunca prometeu ausência de aflições, mas sim Sua presença constante ao nosso lado: “No mundo tereis aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16:33). Jó, um dos maiores exemplos de fé já registrado, perdeu tudo: riquezas, servos, filhos, saúde – mas não perdeu sua confiança em Deus. Ele compreendia que o Senhor é soberano e que, mesmo em meio à dor, o propósito divino permanece em curso. “O Senhor deu, o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor” (Jó 1:21).
Por outro lado, também existem muitos relatos de pessoas que, embora tenham se afastado da fé por conta das dificuldades, reencontraram o caminho e voltaram ainda mais fortes ao Senhor. Pensemos no filho pródigo da parábola de Jesus (Lucas 15): partiu iludido pelas promessas do mundo e, ao experimentar a miséria, caiu em si e retornou ao Pai. Hoje, também vemos histórias de membros inativos que, após grandes perdas, doenças ou momentos de reflexão profunda, voltaram a se reaproximar do Salvador com mais gratidão, humildade e fé.
O Presidente igreja (SUD) Russell M. Nelson declarou: “A fé em Jesus Cristo é o maior poder que temos em tempos de provação. Quando escolhemos desenvolver essa fé, nos tornamos espiritualmente resilientes – capazes de resistir às tempestades da vida com confiança no Salvador.” Sua mensagem é clara: a fé não é apenas crença, mas um poder real que fortalece, cura e guia.
A fé que salva é aquela que persevera. Ela não depende de recompensas imediatas, mas é sustentada pelo amor a Deus e pela esperança nas Suas promessas eternas. Ter fé cega não significa ter uma fé irracional, mas sim confiar mesmo quando não enxergamos o caminho com clareza. Assim como uma criança confia no pai para guiá-la em meio à escuridão, devemos nós também confiar no Pai Celestial, mesmo sem entender todos os Seus desígnios.
Muitos homens e mulheres fiéis já enfrentaram grandes provações, mas não desistiram de seguir o caminho estreito. Quando Pedro, ao andar sobre as águas, começou a afundar por duvidar, Jesus o segurou e disse: “Homem de pouca fé, por que duvidaste?” (Mateus 14:31). Cristo está sempre pronto a nos resgatar – basta estendermos a mão.
O Élder Dieter F. Uchtdorf também ensinou com sabedoria: “A fé não é simplesmente a esperança de que as coisas darão certo. É a confiança de que Deus tem um plano maior e que, mesmo quando não compreendemos o porquê das coisas, podemos prosseguir com paz no coração.” Essa confiança nos eleva acima das dores do presente e nos aponta ao propósito eterno de nossa existência.
Nos dias atuais, o enfraquecimento espiritual é uma realidade que precisa ser combatida com urgência. As religiões cristãs testemunham a saída de muitos membros não por falta de crença intelectual, mas por não cultivarem um relacionamento pessoal com Deus e Jesus Cristo. Sem oração constante, estudo das Escrituras e participação ativa na obra do Senhor, é fácil ser arrastado pela correnteza do mundo.
Feliz é aquele que, mesmo diante das tribulações, mantém-se fiel e perseverante, buscando seguir os passos do Salvador, que nos mostrou o caminho, a verdade e a vida. Jesus não veio ao mundo para ser admirado à distância, mas seguido de perto, mesmo quando o caminho exige sacrifícios, renúncias e fé cega. Porque no final da jornada, aqueles que permanecerem fiéis verão com clareza aquilo que hoje apenas creem: a glória eterna na presença de Deus.
Que possamos, portanto, fortalecer diariamente nossa fé com ações concretas: orando, servindo ao próximo, frequentando os cultos, estudando as Escrituras, buscando revelação pessoal e sustentando os que estão à beira de desistir. Que tenhamos uma fé viva, crescente e perseverante – pois somente ela nos levará de volta ao lar Celestial.
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