O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB), recém-eleito presidente da Câmara dos Deputados, concedeu entrevista coletiva a veículos de imprensa da Paraíba neste domingo (2) e anunciou que a pauta da anistia para os envolvidos no 8 de janeiro será discutida em reuniões com líderes políticos nos próximos dias. Ele ressaltou que o tema, atualmente um dos mais controversos na Casa, deve ser abordado com cautela e imparcialidade para evitar excessos e divisões.

“Esse tema é o que mais divide a Casa hoje. Temos um PL que defende a votação da anistia para os presos do 8 de janeiro, enquanto o PT defende que o assunto não seja votado. A pauta é decidida pelo presidente, com participação dos líderes. Com certeza, esse será um tema levado para essas reuniões nos próximos dias, e vamos conduzir com a maior imparcialidade possível”, afirmou Hugo Motta.

O novo presidente da Câmara também lembrou que o ex-presidente da Casa, Artur Lira (PP-AL), já instituiu uma comissão especial para debater o tema, evidenciando a complexidade e a delicadeza que envolvem a discussão sobre a anistia dos envolvidos no episódio de 8 de janeiro. Segundo Hugo Motta, o assunto precisará ser analisado em conjunto com as lideranças partidárias, uma vez que a decisão final de colocar a pauta em discussão não é de sua exclusiva competência.

Além do tema da anistia, o deputado abordou a questão das "pautas de costumes", como a discussão sobre o aborto. Hugo Motta destacou que, embora esses debates possam ser interessantes e até motivadores, eles tendem a dividir a opinião pública e não devem ser a prioridade do Congresso. “Essas pautas ideológicas, as pautas de costumes, penso eu, que não estão na prioridade do dia. É um debate interessante, às vezes até nos motiva mais do que debater coisas mais burocráticas, mas o que temos visto ao longo do tempo? Essas pautas muito mais dividem o país do que trazem benefícios imediatos”, declarou.

Para o deputado, ao dedicar tempo a temas que dividem a sociedade, o Congresso pode acabar deixando de lado questões capazes de promover transformações significativas, como a distribuição de renda e a geração de emprego. “Essa ideia quase nunca terá seguimento, e nós deixamos de discutir uma pauta que poderia, por exemplo, mudar a vida das pessoas, como a de distribuição de renda e geração de emprego, ou discutir aquilo que verdadeiramente o Brasil precisa. Enquanto presidente da Casa, vou procurar sempre forçar para que o Congresso tenha protagonismo e possa pautar de forma positiva aquilo que o povo brasileiro espera de nós”, afirmou Hugo Motta.

Trajetória e Legado Político

Hugo Motta Wanderley da Nóbrega vem de uma tradição política consolidada na Paraíba. Natural de João Pessoa e autodeclarado cidadão patoense de coração, ele foi o deputado mais votado nas Eleições de 2022, com 158.171 votos. Com 35 anos, é médico e já declarou um patrimônio de R$ 1.167.092,40 em 2022. Sua estreia na Câmara Federal ocorreu em 2010, quando, aos 21 anos, foi eleito o deputado mais jovem da história com 86.150 votos.

A política faz parte do legado familiar de Hugo Motta. Seu avô paterno, Nabor Wanderley, foi prefeito de Patos entre 1956 e 1959, e seu pai, Nabor Wanderley da Nóbrega Filho, também exerceu a prefeitura da cidade em duas ocasiões. Do lado materno, seu avô foi deputado estadual por cinco mandatos e duas vezes deputado federal, enquanto sua avó, Francisca Motta, atualmente cumpre seu sexto mandato como deputada estadual.

Ao longo de sua carreira, Hugo Motta integrou a base de apoio de importantes lideranças, tendo trabalhado ao lado dos ex-presidentes Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL). Agora, ele também conta com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Atualmente, o deputado está em seu terceiro ano consecutivo como líder do Republicanos na Câmara dos Deputados e sua eleição à presidência pode abrir novas perspectivas para o futuro, com especulações sobre possíveis candidaturas ao Senado ou até mesmo ao governo da Paraíba em 2026.

Perspectiva de Gestão e Compromissos para a Casa

Como presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta se compromete a buscar a modernização dos debates e a priorização de pautas que tenham impacto direto na vida dos brasileiros. Ele defende que o Congresso deve se concentrar em temas que realmente promovam mudanças sociais, como a geração de emprego, a distribuição de renda e a melhoria dos serviços públicos, ao invés de se perder em discussões que, embora relevantes, tendem a polarizar a sociedade.

Com sua eleição, Hugo Motta assume um papel de liderança em um momento de grandes desafios e expectativas, e promete conduzir as discussões com responsabilidade e diálogo, sempre buscando a conciliação entre as diferentes correntes partidárias presentes na Casa. A condução dos debates, principalmente sobre temas tão sensíveis como a anistia do 8 de janeiro, será feita de forma coletiva, com a participação ativa dos líderes, garantindo que a decisão final reflita o consenso e o compromisso com o interesse público.

Em resumo, Hugo Motta chega à presidência da Câmara dos Deputados com a missão de transformar a Casa em um espaço onde os debates não apenas dividem opiniões, mas, sobretudo, promovem ações que possam melhorar a vida do povo brasileiro.